A vez dos Eleitores - Lei 9840

A Lei 9840 é taxativa em coibir as tentativas de corrupção eleitoral. Mas a corrupção não vem só dos candidatos, ela é provocada também pelos eleitores, e preciso empreender toda uma reeducação política.

Infelizmente, as situações mais freqüentes, e mais típicas, da venda do voto estão relacionadas com a situação de miséria em que vive grande parte da população. Acontece que vendendo o voto, se estraga a política. Pois ela passa a ser usada, não para resolver os problemas, mas para mantê-los, pois com isto se mantém a dependência que rende votos aos políticos. E assim se instaura o círculo vicioso, que só pode ser rompido com uma lúcida e persistente conscientização.

O pobre que vende seu voto, acaba vendendo seu futuro e se condenando a continuar pobre para continuar dependendo de favores do candidato que continua se elegendo com o voto dos pobres.

Além de desmoralizar o eleitor, a venda do seu voto acaba sendo pouco inteligente. Pois o voto vale muito mais do que os favores esporádicos obtidos no tempo da campanha. Voto deve ser dado a quem está disposto, e preparado, para colocar a serviço do bem comum os recursos públicos destinados a resolver os problemas existentes. Assim o voto passa a ter seu verdadeiro valor, na medida em que contribui para colocar a política a serviço dos seus verdadeiros objetivos.

“Voto não tem preço, tem conseqüências”, afirma uma das frases mais felizes e contundentes surgidas na campanha contra a corrupção eleitoral.

O rigor da nova lei pode ajudar na conscientização política dos eleitores. Alguns candidatos já manifestam a esperança de um pacto, a ser assumido e respeitado por todos os concorrentes, para banir de vez os favores no tempo da campanha. De fato, seria um alívio para os candidatos, e uma catarse para os eleitores. Todos poderiam se dedicar ao debate das questões políticas, e deixar que o resultado das eleições decorra da opção livre e esclarecida dos eleitores.

Por mais importante que seja o combate à corrupção eleitoral, a conscientização política não pode se limitar a coibir a troca corriqueira de pequenos favores. Existem lances mais ousados, que os eleitores têm mais dificuldades de perceber.

Um deles é instrumentalizar as eleições municipais para atrelá-las a interesses eleitorais de outro nível. Há candidatos que simplesmente são plantados por deputados com domínio político na região, e que assim vão garantindo sua clientela eleitoral para o próximo pleito. Tais candidatos “laranjas” se tornam uma espécie de corrupção personificada. O eleitor deveria se dar conta que esses não merecem o voto de ninguém, pois desvirtuam a eleição, e só servem para cabrestear votos para o deputado na próxima vez.

Há, portanto, desafios que são colocados aos eleitores, não só aos candidatos. Mas é a partir destes desafios que pode se sanar o processo eleitoral e recuperar a validade da política. Para isto vale a pena o esforço comum nesta campanha, envolvendo eleitores e candidatos.

D. Demétrio Valentini - Bispo da Diocese de Jales

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