Dez anos do Grito dos Excluídos

Em 2004, o Grito dos Excluídos chega à sua décima edição. Realizado a primeira vez em 1995, o Grito logo se firmou como iniciativa a constar na programação de cada ano, como parte integrante do calendário indicativo dos compromissos a serem assumidos e realizados.

Nesta data simbólica, convém registrar a história do próprio Grito, para perceber como ela faz parte da história maior que o Grito ajudou a construir.

Para entender o Grito dos Excluídos, para perceber porque ele se firmou, e para discernir os critérios da permanente avaliação que o acompanhou e precisa continuar acompanhando, nada melhor do que lembrar o contexto onde o Grito nasceu e onde ele se inseriu.

Em primeiro lugar, o Grito desabrochou da Campanha da Fraternidade, no ano em que ela tinha por tema Os Excluídos. O Grito dos Excluídos quis ser um desdobramento da Campanha da Fraternidade sobre os Excluídos.

Desde sua primeira edição, O Grito foi realizado no contexto da “Romaria dos Trabalhadores”, somando com seus objetivos.

Teve como data referencial o Dia da Pátria, mostrando com isto a incidência direta da exclusão no projeto de nação que precisamos construir.

Outro dado indispensável é o fato do Grito ter sido incluído no Projeto da CNBB, já em 1996, como fruto da avaliação feita a partir de sua primeira edição no ano anterior. Isto é, o Grito logo se inseriu na programação pastoral a nível nacional.

Há outros aspectos importantes para entender a história do Grito. Entre eles, o protagonismo garantido aos próprios excluídos. E sobretudo a sintonia com a expressão religiosa, respaldada por uma fundamentação teológica que mostrava a consistência do grito na própria história da salvação.

Consolidada sua promoção como momento de expressão conjunta de objetivos comuns das causas sociais, o Grito dos Excluídos foi logo percebendo sua vocação universal. E em pouco tempo firmou-se como referência continental, no contexto dos países da América Latina, submetidos todos eles ao processo de globalização excludente, que se acelerou a partir da década de noventa.

Neste contexto, o Grito encontra sua justificativa, e sua motivação. Ele aglutina a resistência contra o atropelo dos valores culturais, denuncia a dinâmica excludente do neo-liberalismo, alerta contra a tentativa de dissolução das identidades nacionais e das políticas públicas em nome de uma eficiência econômica que só contempla os interesses corporativos do capital transnacional.

O Grito se revestiu de força convocadora de todos os que querem se contrapor à aparente inexorabilidade de uma globalização excludente, mostrando que é uma “outra globalização é possível”, aquela marcada pela solidariedade e guiada por valores éticos que postulam a proeminência do valor da vida, a serviço da qual deve ser colocada a economia.

É significativo que o lema do primeiro Grito dos Excluídos foi exatamente este: “A Vida em Primeiro Lugar”. O Grito já trazia em seu nascimento sua certidão de autenticidade e sua justificativa ética.

O Grito expressa a urgência de iniciativas diante da gravidade da situação vivida pelos excluídos, que descobrem seu protagonismo, e convocam para a solidariedade.

D. Demétrio Valentini - Bispo da Diocese de Jales

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