SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA (09.05.10)

Jo 14, 23-29

Eu lhes dou a minha paz.

A porta de entrada do texto é o versículo anterior, onde Judas, não o Iscariotes, pergunta a Jesus durante a Última Ceia, “porque vais manifestar-se a nós e não ao mundo?” (v. 22). Jesus dá a resposta - o Pai vem morar no cristão que guarda a sua Palavra, pois as suas palavras são as do Pai. O mundo (aqui entendido como o anti-reino, não o mundo físico) não ama a Deus. A presença de Deus só pode ser experimentada por quem que o ama. Não é possível amar a Deus sem guardar a sua Palavra.

 

Versículo 26 traz a segunda predição no Último Discurso da vinda do Paráclito (Jo 14,15). Aqui se focaliza mais o seu papel de ensinamento, um ensinamento que clarifica o que Jesus ensinou. Ele vai fazer com que os discípulos “lembrem” tudo o que Jesus disse. Aqui “lembrar” significa a capacidade de entender o verdadeiro sentido das palavras e ações de Jesus, depois da Ressurreição (2, 22; 12,16). O Espírito Santo, aqui descrito como Paráclito (no sistema judicial grego, o Paráclito era o advogado da defesa), não trará ensinamento que seja independente da revelação de Jesus. Ele vai preservar os discípulos de erro e guardá-los perto de Jesus.

 

Com este dom, Jesus deixa com a sua comunidade a sua paz. Ele usa a palavra tradicional dos judeus para a paz, “Shalom”. É uma paz baseada na vinda do Espírito, que será atualizada na noite de Páscoa quando dirá: “A paz esteja com vocês! Recebam o Espírito Santo” (Jo 20, 21-22). Enfatiza que não é a paz como o mundo a entende - muitas vezes simplesmente como a ausência de briga. Frequentemente a paz que o mundo dá é aquela falsa, que depende da força das armas para reprimir as legítimas aspirações do povo sofrido - como tantos países experimentaram durante as ditaduras de direita e da esquerda. O “shalom” é tudo o que o Pai quer para o seu povo. Só existe quando reina o projeto de vida de Deus. Implica a satisfação de todas as necessidades básicas da pessoa humana, da libertação da humanidade do pecado e das suas consequências. Como dizia o saudoso Papa Paulo VI, “Justiça é o novo nome da paz!”. O “shalom” dos discípulos não pode ser perturbado pelo fato da sua partida, pois é através da volta do Filho para o Pai que o Shalom vai se instalar.

 

O “shalom”, a verdadeira paz, é um dom de Deus. Mas precisa da colaboração humana! Diante de tantas barbaridades hoje, de tanta violência no campo e na cidade, da exploração do latifúndio, da impunidade, qual deve ser a atitude do cristão? Se nós acreditamos no shalom, nunca podemos compactuar com sistemas repressivos ou elitistas que tiram da maioria (ou de uma minoria) os direitos básicos que pertencem a todos os filhos/as de Deus. Às vezes, este shalom convive ao lado do sofrimento e perseguição por causa do Reino, mas quem experimenta na intimidade a presença da Trindade, também experimenta a verdade da frase do texto de hoje, “não fiquem perturbados, nem tenham medo” (v 27), pois disse Jesus, “eu venci o mundo”. Por isso devemos sempre “fazer a memória de Jesus” (aqui destaca-se o momento privilegiado da celebração eucarística) - da sua pessoa e do seu projeto, para que tenhamos critérios certos para verificar a presença - ou ausência - do “shalom” na nossa sociedade e nos comprometemos com a criação do mundo mais justo que Deus quer.

 

Tomaz Hughes SVD

e-mail: thughes@netpar.com.br

 

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