ASSEMBLÉIA ANUAL SSPS

 As Missionárias Servas do Espírito Santo se preparam para sua Assembléia Anual que acontecerá de 23 a 27 de novembro, no Convento Santíssima Trindade, em São Paulo.

Inspiradas no texto bíblico do livro de Rute, as Missionárias Servas do Espírito Santo querem, de maneira criativa e cheias de esperança, encontrar novas alternativas para a missão no mundo de hoje e dar passos significativos em vista do seu futuro. Por isso, o tema da assembléia será “Comunidades em Missão, compartilhando Vida e Esperança”.

Além da assembléia, acontecerá também o Capítulo Provincial, que se realiza a cada três anos e é o órgão máximo de decisões das irmãs em uma determinada província. Um dos objetivos do capítulo será avaliar a ação missionária e traçar metas e prioridades para os próximos anos.

Para a assembléia e capítulo provincial estão sendo esperadas cerca de 70 irmãs dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Rio de Janeiro, além da coordenadora Geral Ir. Maria Theresia Hornerman que virá de Roma para encontrar-se com as irmãs.

Estudo do Livro de Rute

Para quem quiser se unir às Missionárias Servas do Espírito Santo e também estudar o livro de Rute, compartilhamos o texto que está sendo aprofundado por todas as Irmãs da Província Stella Matutina. Este texto foi elaborado pela Equipe de Reflexão Teológica da CRB de São Paulo e adaptado para as Irmãs SSpS.

1. Aprofundamento do Livro de Rute

a) Contexto do Livro

O livro de Rute, situado entre os livros “históricos”, é como um esmalte precioso que dá o acabamento a um mosaico. É um livro que não tem registrado nem época nem lugar em que foi escrito. Por isso serve para qualquer tempo e lugar.

Pelo que descreve, pode ser situado na época de reconstrução ou reestruturação de Israel, após o Exílio na Babilônia. A história começa dizendo: “na época que governavam os Juízes” (1,1). Pretende com isto propor uma dinâmica de organização semelhante à que existia na organização tribal, que os Juízes buscavam recuperar quando governaram Israel, época em que os valores desse sistema estavam se deteriorando. O sistema monárquico, que destruiu completamente os valores do sistema tribal, continuou pujante por muitos anos e provocou a catástrofe do exílio. Quando este acabou, era preciso reconstruir a comunidade. É aí onde se situa o livro de Rute.

Na volta do Exílio houve muitos projetos de reconstrução. Os mais destacados são os de Zorobabel, Esdras e Neemias que propunham reorganizar o povo a partir de valores do passado, ligados ao culto à purificação dos costumes, à segurança.

a.1. Projeto de Zorobabel e Josué (Esdras 3, 1-13)

Zorobabel, filho de Salatiel, era o descendente do rei de Judá (11Cr 3, 17-19). Josué, filho de Josedec, era o descendente do sumo sacerdote de Jerusalém (1Cr 5, 40-41; Es 3,2). Os dois, com o apoio dos profetas Ageu (Ag 1, 12-15) e Zacarias (Zc 4, 6-10), tentaram reconstruir o altar e o templo de Jerusalém, destruídos por Nabucodonosor (Esd 5,1-12). Eles achavam que o sofrimento do povo era castigo de Deus por terem abandonado o templo em ruínas (Ag 1,3-11).

a.2. O Projeto de Esdras (Esd 9, 1-10,44; Ne 8, 1-18)

Esdras era um doutor da lei, escriba de alta qualidade (Esd 7,6), que agia em nome do rei da Pérsia (Esd 7, 11-26). Ele também achava que o sofrimento do povo era castigo de Deus pelo relaxamento deles, pois casavam com mulheres estrangeiras e deixavam os costumes pagãos entrar (Esd 9, 1-2; 10, 2. 10; Ne 13, 23-27). Ele propunha duas coisas: 1. Expulsar as mulheres estrangeiras e os filhos que delas nasceram (Esd 10, 3.11); 2. Observar melhor a lei de Deus, lida e explicada ao povo pelo próprio Esdras e pelos Levitas (Ne 8, 1-8). Esdras procurava reconstruir os povo em torno da observância da lei de Deus (Ne 8,13) e da pureza da raça (esd 9,2).

a.3. O Projeto de Neemias (Ne 5, 1-19)

Neemias era governador de Judá, nomeado pelo rei da Pérsia no ano 445 (Ne 5,14), isto é, na mesma época em que Esdras vivia. Neemias procurava reconstruir o povo em torno da observância da lei do ano jubilar. Essa lei mandava que, cada 50 anos, se desfizessem todas as compra e vendas de terras (Lv 25, 1-34; Dt 15, 1-11). A reconstrução do povo começava pela iniciativa dos ricos de devolver o que roubavam dos pobres. Neemias queria que os ricos andassem no temor de Deus, observando a sua lei (Ne 5,9).

b) A realidade vivida por Noemi e Rute

 

A história dessas duas mulheres é semelhante à de tanta gente que se vê hoje obrigada a emigrar de um lado para o outro a fim de poder sobreviver. É esta a causa da saída de sua terra natal de Elimelec, sua esposa Noemi e seus dois filhos Maalon e Quelion (cf. Rt 1,1-2).

Deixaram Belém, a “casa do pão”, para ir buscar melhor sorte nos campos de Moab. O futuro da família dependia do risco da itinerância, da coragem de “misturar a raça”, de assumir o diferente e conviver com ele, de deixar o que era seguro e assumir o novo que ainda não conheciam. Nas terras de Moab se apostava pela vida e pelo surgimento do novo. Os filhos de Elimelec e Moemi contraíram matrimônio com duas mulheres moabitas: Orfa e Rute. Mas a descendência não vinha e os três homens da família, responsáveis pela genealogia em Israel, morreram sem deixar descendência. As três mulheres ficaram viúvas e sem filhos. Não é preciso descrever a situação da mulher viúva naquela cultura. Que esperança de futuro as alimentava? O que fazer nesse estado de debilidade e falta de proteção?

Havia somente duas opções para essas viúvas: sentar-se e chorar a situação não buscada na realidade, ou levantar-se e tentar uma saída. E foi o alimento da fé e a consciência de identidade que fez a diferença. Noemi ouviu dizer que Deus tinha visitado a sua terra (Rt 1,6) e tinha dado a seu povo o que comer. Essa boa notícia fez com que ela decidisse voltar sozinha para Belém. Mas, suas duas noras quiseram caminhar com ela.

De tanto insistir que voltassem para suas respectivas casas, Orfa, chorando, a deixou. Porém Rute insistiu em ir com ela até Belém. Dizia: “Para onde tu fores, irei também, onde for tua morada, será também a minha; teu povo será meu povo e teu Deus será o meu Deus. Onde morreres, quero morrer e ser sepultada” (Rt 1,16-17). E Deus se serviu de Rute para ser mediação de libertação para Noemi. Assim, uma mulher viúva e estrangeira que não contava em Israel, foi de quem Deus se serviu para realizar grandes coisas.

A história dessas duas mulheres poderá tocar profundamente a história das nossas comunidades e Congregações marcada pela debilidade da idade avançada e da falta de vocações, mas portadores de uma rica história de superação e criatividade.

c) O Projeto de Noemi e Rute

Os capítulos dois a quatro do livro de Rute nos falam de um projeto construído na debilidade e na pobreza. Percebemos nesta história a sabedoria de Deus agindo no pequeno, no impotente, no que não conta aos olhos humanos. Essas duas mulheres puderam secundar a ação de Deus porque acreditaram nele e nelas próprias; porque souberam manter o olhar no futuro sem ficarem presas ao passado; porque tiveram coragem de exercer o direito dos pobres segundo Dt 24, 19-21; porque planejaram minuciosamente os passos da ação e foram realizando e avaliando cada passo para poder planejar o seguinte.

Elas não fizeram propostas a partir do culto, do Templo, das muralhas de Jerusalém como Zorobabel, Esdras e Neemias. A própria condição de estrangeira não submetia à Lei, deu a Rute a liberdade para agir sob a orientação de sua sogra Noemi. E a ação das duas fez com que alcançassem o que buscavam, entrando na genealogia de Israel, não só na do Rei Davi, mas também na de Jesus.

Quando Rute deu à luz a Obed e o colocou no colo de Noemi, as mulheres de Belém, junto com todo o povo, louvaram a Deus porque a tinha feito fecunda como suas antepassadas Raquel, Lia e Tamar (Rt 4,11-12).

Vejamos alguns elementos importantes que orientaram as duas em sua práxis e que poderão orientar também a nossa. Apresentaremos isto através de sete² palavras ou expressões que querem conduzir a nossa busca de reorganizar a Província em vista da Missão.

1. Consciência da realidade (Rt 1,3-5)

Ter consciência de realidade e assumi-la é o primeiro passo para buscar uma solução. O que fazer sem marido e sem filhos?

2. Certeza da presença de Deus (1,6)

A consciência da realidade e a notícia de que Deus tinha visitado o seu povo com o pão abençoado fez com que Noemi se levantasse e tomasse a iniciativa de volta para Belém, sua terra natal. Realidade e espiritualidade são caminhos de mudança.

3. Pôr-se a caminho (1,7)

As soluções não chegam como toque de mágica. É preciso pôr-se a caminho, leves de bagagem, deixando coisas que acariciamos e encarar o novo sem saber no que vai dar.

4. Espigar, cantando as sobras (2,7)

Recolher as sobras das colheitas era um direito que os pobres e os estrangeiros tinham, com a garantia da Lei (Dt 24,19-22). Esse direito, em muitos ambientes esquecido, foi recuperado pelas duas mulheres e, por meio dele, veio a solução do problema que enfrentavam para construir o novo.

5. Discernimento, diálogo e encontro (3,1-8)

Noemi e Rute tiveram que discernir e planejar as ações que assumiram. O diálogo entre elas e o encontro com Booz tornaram possível o que buscavam. Tinham certeza de que o plano daria certo? Possivelmente não. Mas, não podiam ficar esperando que outras pessoas oferecessem a solução para os problemas que enfrentavam e nem deixar as coisas como estavam. Era preciso agir, no escuro da noite.

6. Esperança, atualização e mudança das leis de resgate (3,9-18; 4,5-11)

Dar os passos possíveis era o que tocava fazer. Noemi e Rute não tinham a solução nas mãos. Era preciso somar com outras pessoas para surgir uma nova lei. Era preciso esperar pela boa vontade de quem as podia resgatar. E foi essa espera ativa que possibilitou o novo.

7. Nascimento do novo (4,13-17)

O novo foi apenas uma criança frágil deitada no colo de Noemi. Mas, foi nessa criança que a esperança dessas duas mulheres se concretizou. Elas passaram a fazer parte da genealogia de Israel (4,18-22), entrando também a fazer parte da genealogia de Jesus, o Messias esperando (Mt 1,5).

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