Recentes acontecimentos na Amazônia peruana explicitam o quão se está distante do cumprimento da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas aprovada pela Assembléia das Nações Unidas.

O “reconhecimento do direito ao autogoverno nos próprios territórios e conforme as próprias culturas” é o que consta dessa Declaração, exatamente o contrário do que tem feito o governo do Peru.

As políticas de invasão de seus territórios que no Brasil se fez em nome da fé e da civilização, continuam em nome do desenvolvimento. Nos tempos que correm, a reiterada depredação de seus recursos acarretam a morte de vários índios e até mesmo o etnocídio. Ainda na década de 1960, o genocídio dos índios Awá não mereceu o devido repúdio.

A forte reação contra a demarcação contínua dos territórios da Raposa Serra do Sol põe a nu o preconceito e a pretensão de direitos de invasão de terras milenarmente habitadas por índios. As grandes construções de estradas e hidrelétricas na Amazônia põem em risco a sobrevivência de vários povos indígenas, suas línguas, suas culturas.

Os suicídios entre jovens da comunidade Kaiwoá explicita o desespero e a fome a que são lançados pela invasão de seus territórios.

O mesmo ocorre no Chile, Peru e Colômbia. Também na Bolívia, por ocasião do massacre ocorrido no departamento de Pando, embora contrário à política do atual governo, foi a população indígena que pagou o preço mais alto.

Não há dúvidas sobre a urgência de medidas que assegurem a preservação da natureza. A maioria dos governos agem na contramão, incentivando a depredação, o desperdício o consumismo em nome do desenvolvimento, mesmo que às custas do comprometimento do futuro próximo das novas gerações.

Com sabedoria se tem afirmado que mais vale uma árvore em pé e um rio não poluído e não assoriado. Os povos indígenas nos deixa lições milenares de preservação. Em vez de deles se aprender, as políticas de quase todos os governos seguem sendo etnocidas, ecocidas.

9 de agosto, Dia Internacional das Populações Indígenas é uma data que, desde 1882, lembra direitos declarados que precisam ser respeitados se quisermos a sobrevivência delas e do planeta.

Iolanda Toshie Ide