Tensões na América Latina

Nestes dias, as atenções dos países da América se voltam para o Equador. Lá se realizam, em Quito, dois encontros de caráter continental. Um de ordem oficial, com a presença dos ministros das relações exteriores de todos os países, para dar andamento às negociações sobre a Alca. Outro, de iniciativa de movimentos sociais, com a intenção de buscar outros caminhos para a integração continental, na convicção de que “uma outra América é possível”.

O ponto convergente, portanto, é a integração dos países da América. A divergência consiste na maneira de realizar esta integração. Como colocar a América no singular, sem anular a indispensável diversidade, salvaguardando a identidade de cada um dos países deste continente.

Já no Sínodo da América, realizado em 1997, foi colocado o desafio de uma América singular, com a insistência de “uma só América”, na intenção de sublinhar a necessária solidariedade que deveria presidir o relacionamento entre as nações do continente.

O desafio está posto. Como realizar este novo relacionamento, que respeite as singularidades de cada país, preservando sua autonomia, e garantindo a soberania de cada povo.

Parece chegado o momento de testar as boas intenções, e conferir a viabilidade das propostas. Neste sentido, o encontro do Equador se apresenta como a ocasião para medir a febre das tensões que se aproximam da América Latina, com a força de um tornado que a meteorologia avisa com antecedência, e com a convicção da inevitabilidade.

O Equador está vivendo uma situação política que reflete os embates que aos poucos vão caracterizando todos os países da América Latina. Lá também já foi realizado o primeiro turno das eleições, que definiu dois candidatos para o segundo turno, que vai acontecer no dia 24 de novembro. Foi muito significativo que um líder popular, Lucio Gutierrez, tenha conseguido a votação mais expressiva, seguido de Álvaro Noboa, o representante das oligarquias de direita.

Para visualizar as tensões existentes na América do Sul, daria para fazer um exercício escolar muito simples. Percorrer o mapa, e assinalar os países onde existem tensões políticas, fruto da crise que vai se avolumando. Que país ficaria de fora? Todos os países seriam tingidos de vermelho. A única diferença consistiria em dosar as tonalidades.

Tudo indica que teremos pela frente um período de turbulências. O fato novo mais expressivo, sem dúvida, será a nova postura do governo brasileiro. Todos olham com muita esperança para o novo presidente do Brasil. Para liderar o despertar de um novo tempo de intensa afirmação de nossa identidade latino americana, em vista de uma nova proposta de integração continental, marcada pela solidariedade e pela superação da miséria e das dominações.

As crises têm o valor positivo de despertar novas energias. E’ a esperança que anima a convicção de que “uma outra América é possível”.

D. Demétrio Valentini - Bispo da Diocese de Jales

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