FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA (27.12.09)

Lucas 2, 41-52

 

Na Igreja Católica, hoje é celebrada a festa da Sagrada Família.  Portanto, o trecho de Lucas põe em relevo os três membros da família de Nazaré, - mas tem como o seu tema principal, um ensinamento sobre quem é Jesus, a sua relação ao Pai e à sua família humana.

A história começa enfatizando a identidade da família humana de Jesus como judeus piedosos. Os regulamentos sobre as peregrinações ao Templo de Jerusalém, para a festa de páscoa, se encontram em Ex 23,17;34.23; Lev 23,4-14.  Como consequencia, entendemos que o ambiente em que Jesus cresceu - e em que descobriu a sua vocação e missão - é aquele dos “pobres de Javé”, os devotos que esperavam a libertação de Israel, através da vinda do Messias davídico prometido.  Esta viagem prefigura a grande viagem de Jesus à Jerusalém em Lc 9,51 - 19,27, que ela fará com os seus discípulos, e onde ele revelará por palavras e ações o seu relacionamento com o Pai - prefigurado aqui no versículo 49.

O texto salienta certas atitudes de Jesus.  É bom prestar bem atenção aos verbos .  Lucas diz que Jesus estava no templo entre os doutores :

            “escutando e fazendo perguntas.” ( v. 46)

            A atitude de Jesus é a dum aluno muito inteligente, e não dum mestre - ele não está “ensinando no Templo”, como muitas vezes dizemos em nossas tradições. Aqui, Lucas antecipa para os doze anos o que realmente ocorrerá mais tarde, quando Jesus realmente ensina no Templo, e sofre a rejeição e a perseguição por parte dos doutores de Lei e Sumos Sacerdotes.

O ponto central do texto se acha em versículo 49:

            “Porque me procuravam?  Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?”

Aqui Lucas relata os primeiros palavras de Jesus no Evangelho.  Agora não é Gabriel, nem Zacarias, nem Maria quem diz quem é Jesus, mas ele mesmo. A palavra que nos traduzimos como “devo”, em grego “dei”, transmite o tema de “necessidade”, que aparece no Evangelho 18 vezes e nos Atos dos Apóstolos 22 vezes, e “expressa um senso de compulsão divina, freqüentemente visto como obediência à uma ordem da escritura ou profecia, ou na conformidade de eventos com a vontade de Deus. Aqui a necessidade consiste na relacionamento inerente de Jesus a Deus que exige obediência.” (Marshall - “The Gospel of Luke”)

Em versículo 50, fica patente que os seus pais não entenderam que o seu relacionamento com o Pai celeste tomava precedência sobre a sua relação com eles:

            “Eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer.”

A “espada”- a dor de sentir esta distanciamento, sem poder compreendê-lo - de que falou Simeão em 2,35, já começa a aparecer.  Maria não compreende plenamente - retomando o tema de v. 19 - e tem que continuar a sua caminhada de fé, meditando sobre o sentido e identidade do seu filho.  Fato encorajador para nós.  Quantas vezes acontecem coisas nas nossas vidas que não compreendemos, nem conseguimos ver a vontade de Deus.  Ao exemplo de Maria e José, aceitemos esta escuridão, continuemos a caminhada, mas nunca deixemos, numa atitude de oração de contemplação de “conservar no nosso coração todas essas coisas”!

 

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