QUINTO DOMINGO COMUM (07.02.10)

Lucas 5, 1-11

“Senhor, afaste-te de mim, porque sou um pecador”
 
A porta de entrada desse texto, que nos traz a versão Lucana da “pesca milagrosa” ( Jo 22) é o primeiro versículo: “Certo dia, Jesus estava na margem do Lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.” Lucas deixa bem claro que o motivo de tanta gente buscar Jesus foi para “ouvir a Palavra de Deus”. Não para ver milagre, não para receber esmola, nem cura, mas simplesmente para “ouvir a Palavra de Deus”. E só se busca o que é agradável, o que faz bem!
 
A Palavra de Deus encorajava a multidão, fazia com que as pessoas se sentissem amadas, aceitas, valorizadas. A Palavra de Deus era realmente “Boa Notícia” para os humildes e sofridos. Nada deve - ou pode - substituir esta Palavra. A Igreja ainda corre atrás do prejuízo de ter privado o povo durante séculos do alimento da Palavra. O último Sínodo dos Bispos tratou do tema significante “O Lugar da Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja”, e aguardamos ansiosamente a publicação do Documento Pós-Sinodal. Nenhuma palavra humana, por mais eloquente ou edificante que seja, pode igualar-se à Palavra de Deus. Oxalá não repitamos os erros do passado! Que saibamos ver a ação do Espírito Santo na grande procura da Bíblia entre as comunidades, especialmente entre os mais pobres. Devemos levar a sério o que proclamou o Concílio Vaticano II no seu documento dogmático Dei Verbum: “A Igreja sempre venerou as Sagradas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor” (DV 21). Infelizmente, nem sempre se verifica a prática dessa declaração!
 
Terminada a pregação, Jesus pede que Simão “avance para águas mais profundas” (v. 4), para lançar as redes. Pois, barca à beira-praia pesca nada! Como é tentador para nós - a Igreja, as comunidades, os indivíduos - ficarmos seguros nas águas rasas que não apresentam perigo, e tampouco frutos! Se quisermos ser realmente “pescadores de homens” (v. 10) teremos que enfrentar as águas profundas da vida, com todas as incertezas e inseguranças que isso acarreta. Muito mais cômodo é ficar nas águas calmas e tranquilas, sem risco – mas, fazer assim seria trair a nossa vocação batismal. Poderemos nos perguntar - o que quer dizer para mim, na prática da minha vida, “avançar para as águas mais profundas”?
 
Simão não se mostra muito entusiasmado diante do convite do Senhor, mas lança a barca “em atenção à Sua palavra” (v. 5). Aqui está o nó da questão - a atenção à Palavra de Deus. O Salmo 95 (94), 7 reza: “Oxalá vocês escutem hoje o que Ele diz” - pois Deus nos fala todos os dias. Mas, uma fala exige atenção para que seja captada. Deus nos fala sempre - mas, se não tivermos as antenas ligadas, não ouviremos. E continuaremos acomodados nas águas rasas e tranquilas, enquanto a missão exige que nos lancemos para águas profundas.
 
Pedro reage já: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (v. 8). Como a luz cria a sombra, a proximidade da santidade põe em relevo o pecado humano. O que parece normal, segundo critérios humanos, fica claramente negativo diante dos critérios do amor divino! Mas, Jesus não atende o pedido de Pedro - foi porque somos pecadores que Ele veio! Pelo contrário, fala para Pedro não ter medo - nem da sua fraqueza, nem da sua natureza pecaminosa, nem das suas falhas. Jesus o chama tal como Ele é. E Ele nos ama, não como gostaríamos de ser, mas como somos de fato. Não devemos ter medo da nossa realidade humana e pecadora, pois todos nós carregamos “um tesouro em vaso de barro” (2Cor 4, 7), mas podemos caminhar com confiança porque “se Deus está a nosso favor, quem estará contra nós?” (Rm 8, 1). Somos chamados a segui-Lo como somos. Porém, isso não pode nos acomodar, pois o Evangelho deixa claro que quando os apóstolos foram chamados, deixaram tudo para segui-Lo. O seguimento de Jesus sempre exige que deixemos algo. Resta perguntar a nós mesmos: “O que é que o seguimento de Jesus exige que eu deixe, neste momento na minha caminhada de discípulo/a”?
 

Pe. Tomaz Hughes, SVD

E-mail: thughes@netpar.com.br

 

 

 

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