TERCEIRO DOMINGO COMUM (24.01.10)

 

 TERCEIRO DOMINGO COMUM (24.01.10)
“O Espírito do Senhor está sobre mim”
 Lc 1,1-4; 4,14-21.
 
            O texto relata a primeira experiência da Vida Pública de Jesus.  Deu-se na sua terra de criação - Nazaré.  Na linguagem de hoje, Jesus foi para a capela da comunidade e foi convidado a fazer parte da equipe litúrgica, para fazer a segunda leitura.  Naquela época, o culto da sinagoga tinha duas leituras - a primeira tirada da Lei, a segunda dos Profetas. Jesus, abrindo o livro do Profeta Isaías, encontrou a passagem que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me  consagrou para anunciar a Boa Notícia aos pobres;  enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos  cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor”. (4,18-19).  Não que ele encontrasse esta passagem por acaso!  Pelo contrário - Jesus procurou até achar, pois ele identificava a sua missão com aquela descrita pelo profeta.  Por isso, na hora da homilia, começou com a frase chocante: “Hoje se cumpriu essa passagem da escritura, que vocês acabam de ouvir”. (4,21).  Jesus identificou a sua missão com a do Capítulo 61 de Isaías.  Nós, como discípulos dele temos a mesma missão.  Olhemos os elementos:
 
            a. “Anunciar a Boa-Notícia aos pobres”:  O evangelho é “Boa-Notícia” - não uma série de leis, nem uma lista de práticas rituais, nem uma moral, (embora tenha todos estes elementos), mas uma experiência de Deus que traz alegria, felicidade, - para os pobres!  Portanto, ele toma posição - o que é boa notícia para uns, é má-notícia para outros! O que é boa notícia para o oprimido, é má notícia para o opressor!! Não existe uma Boa-Notícia neutra, igualmente boa para todos!!  E não devemos diluir o a termo “pobre” - aqui não é o pobre de espírito, nem de coração, nem de fé.....é o pobre mesmo, aquele/a que não tem o necessário para uma vida digna! (Lucas usa o termo grego “ptochois”, que significa mais ou menos “indigente”). Com certeza, na nossa sociedade inclui todos os excluídos.
 
            b. “ Proclamar a libertação aos presos”:  Não só aos na cadeia, mas que estão sem a liberdade dos filhos de Deus - presos hoje pelas conseqüências do neo-liberalismo, do desemprego, do salário mínimo; pelos correntes de racismo, machismo, clericalismo, e tudo que oprime!  Também aos presos no seu próprio  egoísmo, pois o assumir dos valores evangélicos vai libertá-los.  Porém, esta libertação passa pela mudança radical na sua maneira de viver.
 
            c. “Aos cegos a recuperação da vista”:  Quanta gente cega hoje!!  E não por doença dos olhos, mas cegada pela ideologia dominante que não deixa ver a realidade do mundo e dos sofridos; pelas falsas utopias alienantes e pela manipulação de informação pelos M.C.S, dominados pela elite, que “fazem a cabeça”;  quantos cegos diante da possibilidade de mudança através do força histórica dos oprimidos!!  Vale a pena notar que o texto enfatiza a “recuperação” da vista – não a doação dela.  Ou seja, trata-se de ajudar os/as que uma vez viram a realidade com os olhos de Deus mas foram cegados pela ideologia dominante ao ponto de não enxergarem mais a verdade.
 
            d. “libertar os oprimidos”: Aqui há o eixo fundamental de toda a Bíblia - o Êxodo, como processo permanente.  No livro de Êxodo, Deus se identificou como o Deus que liberta os oprimidos (Ex 3, 76-10).  Jesus se coloca - e coloca todos os  seus seguidores - nesta mesmo compromisso.  Hoje a época é diferente, mas a opressão continua, e Deus nos conclama para que todos nós nos empenhemos nesta luta para concretizar a libertação dos oprimidos.
 
            e. “proclamar o ano de graça do Senhor”:    O Ano da Graça - o Ano Jubilar!! Memória da proposta do Lv 25, o ano do perdão das dívidas, da libertação dos escravos, da devolução das terras aos seus donos originais!!  Como concretizar, na realidade do Brasil de hoje, esta visão?  Que significa hoje o perdão das dívidas, a libertação dos escravos e a devolução das terras?  Questões evangélicas da fé, que têm fortes conseqüências políticas e econômicas (como veremos logo na Campanha de Fraternidade) e desafiam a tendência à uma religião intimista, individualista e desencarnada da realidade. Pois júbilo, alegria, não pode ser decretado - tem que brotar de algum motivo profundo.
 
                        Aqui o próprio Jesus fala da sua missão, que é a nossa.  Pois fomos todos “consagrados com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres...para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar o ano da graça do Senhor”. (4, 18-21). 

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