FESTA DO BATISMO DO SENHOR (10.01.10)

 

 
FESTA DO BATISMO DO SENHOR (10.01.10)
 
Lc 3, 15-16. 21-22
 
"Este é o meu Filho amado, que muito me agrada"
 
            Hoje, o Domingo depois da Epifania, celebra-se Festa do Batismo do Senhor. O batismo de Jesus por João Batista no Rio Jordão é tão importante teologicamente que é tratado por cada um dos quatro evangelistas, cada qual da sua maneira, dependendo da situação da sua comunidade e dos seus interesses teológicos. A história logo se tornou um problema para os primeiros cristãos, pois levantava a questão de como Jesus, sem pecado, podia ter sido batizado num ritual de purificação dos pecados. Por isso, Mateus deixa fora a referência de Mc 1,4 ao perdão dos pecados, a adiciona vv. 14 e 15. Para João, o batismo era tão difícil de ser harmonizado com a sua cristologia, que omite qualquer referência ao atual evento, e no seu lugar, faz com que João Batista indica Jesus como o "Cordeiro de Deus" (cf Jo 1, 29-34).
 
            O texto já nos apresenta o programa da vida e missão de Jesus. Lucas se destaca pela insistência em situar Jesus como membro do seu povo – identificando-se com aquela camada do povo marginalizada e menosprezada como "impuro" pela teologia oficial, atrelada ao poder político das elites. Como disse o saudoso Pe. Alfredinho, fundador da Fraternidade do Servo Sofredor, "No dia do seu batismo Jesus entrou na fileira dos excluídos para nunca mais sair dela!" Com o seu batismo, Jesus assume a fidelidade radical à vontade de Deus. O significado disso será mostrado ao longo do Evangelho. Também Jesus, unindo-se aos pecadores, já está, desde o começo, rejeitando a visão dum Messianismo triunfalista.
 
            Os sínóticos ressaltam o fato que "o céu se abriu". Marcos é o mais contundente quando enfatiza que "os céus se rasgaram". É uma maneira simbólica de expressar que em Jesus acontece a união definitivo entre o céu e a terra (cf. At 7,56; 10, 11-16; Jo 1,51) e uma revelação celeste (Is 63,19; Ez 1,1; Ap 4,1; 19,11). A revelação maior é a confirmação da identidade de Jesus como o Servo de Javé. Mateus, escrevendo num ambiente de polêmica contra o judaísmo formativo do fim do primeiro século, muda a tradição original (Mc 1, 9-11), mantida por Lucas, onde as palavras do Pai se dirigiam a Jesus, para dirigi-las aos ouvintes "Este é o meu Filho muito amado, aquele que me aprouve escolher" (v 17). Em ambos as tradições estas palavras associam a terminologia de Sl 2, 7, que repete a profecia de Natã em 2 Sm 7, 14 (tu és meu filho...) a Is 42, 1 (meu bem amado que me aprouve escolher). A passagem de Isaías apresenta o Servo que não levanta a voz (42,2), nem vacila, nem é quebrantado (42,4). (A tradução grega da Septuaginta usou uma palavra que podia expressar tanto os termos hebraicos para "filho" e para "servo"). Fazendo fusão desses textos do Antigo Testamento, o texto une em Jesus duas figuras proféticas – a do Filho da descendência real davídica e do Servo de Javé. Assim, prevê que o messianismo de Jesus implica a vocação do Servo Sofredor, e rejeita pretensões messiânicas triunfalistas. Podemos dizer que o Batismo é para Jesus o assumir público da sua missão como Servo de Javé. A voz do céu confirme a sua opção de vida. O Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público, como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.
 
            Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai. Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus – cada um de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (cf. I Jo 3,1), a quem aprouve escolher-nos. Nada pode fazer com que o Pai abandone esse amor incondicional e gratuito – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm 8,39). Importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. I Jo 4, 10-11).       Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as conseqüências – uma vida de fidelidade, que o levava até a Cruz – e a Ressurreição! (cf. Fl. 2,6-11) Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de contribuir à criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz. O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que "já está no meio de nós" (cf. Mc 1,14). 
 

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