Domingo da ascensão do Senhor - Mt 28, 16-20

“Eu estarei com vocês todos os dias até o fim do mundo”

Chegamos ao último trecho do Evangelho de Mateus. Podemos dizer que o evangelho todo culmina na postura dos discípulos, descrita em versículo 17: “Ajoelharam-se diante dele” – uma postura de adoração, de reconhecimento da sua natureza divina. Porém o trecho nos adverte que muitas vezes a nossa fé em Jesus também pode ser vacilante, quando fala “ainda assim, alguns duvidaram”.

Depois dum longo escrito de vinte e oito capítulos, o Evangelho termina duma forma muito resumido, neste texto de hoje.  É um texto tão denso em conteúdo que dificilmente a gente pode imaginar como dizer mais coisas em tão poucas palavras.  Como gênero literário, reúne elementos das “entronizações” do Antigo Testamento, com a comissão apostólica.

Em primeiro lugar, vale notar a localização do acontecimento, em Mateus – na Galiléia.  Seguindo o mandamento dado pelo anjo do Senhor na manhã da Ressurreição (Mt 28,7), os discípulos voltam para a Galiléia para encontrar-se com o Senhor Ressuscitado.  Aqui “Galiléia” significa mais do que um local geográfico!  A Galiléia era lugar da missão de Jesus, onde ele serviu os pobres e marginalizados da sociedade e a religião.  Voltar para a Galiléia significava voltar para a prática de Jesus, um afastamento de Jerusalém, simbolizo da sede de poder e dominação. Mateus nos ensina que quem quiser encontrar-se na sua vida com o Jesus Ressuscitado, deve assumir o seguimento de Jesus, na prática das suas opções, aplicadas às condições e desafios da sociedade de hoje.  O que significa assumir as opções práticas de Jesus no nosso mundo de consumismo e exclusão?

Embora haja uma referência à visão que os apóstolos tiveram de Jesus, a ênfase cai sobre as suas palavras.  Não há nenhum relato duma ascensão, pois para Mateus, já tinha acontecido junto com a ressurreição.  As últimas palavras de Jesus poderão ser divididas em três partes, referentes ao passado, ao presente e ao futuro.  Jesus declara que toda  autoridade foi dada a ele no céu e sobre a terra – o verbo está no passado e ensina que Deus deu a Jesus a autoridade como Filho do Homem.  Essa autoridade é a do Reino de Deus (cf. Dn 7, 14; 2 Cr 36,23; Mt 6,10).  O mandamento missionário se refere ao presente dos discípulos – a sua missão universal e permanente de alastrar o Reino de Deus, para que todas as culturas, raças, etnias e religiões cheguem a ter o conhecimento da verdadeira face de Deus.  Assim, Mateus mostra que a Igreja é missionária pela sua natureza, e uma Igreja que não a é, está traindo a sua natureza e identidade.  Missão não e proselitismo, não é angariar novos adeptos para a Igreja – mas é continuar a missão de Jesus, cuja mensagem foi centrada na chegada do Reino de Deus.  Assim somos chamados a sairmos dos limites visíveis das nossas comunidades, para que, em diálogo profético com todas as pessoas da boa vontade, colaboremos para que o Reino de Deus – a vivência da vontade do Pai- se torne realidade no nosso mundo.
 
Mas Mateus não ignorava as dificuldades inerentes nessa missão.  Cinquenta anos depois da Ascensão, a sua comunidade, perseguida e fraca, experimentava a tentação do desânimo.  Por isso insiste no elemento do futuro,  que Jesus está e sempre estará com a comunidade dos discípulos. Por isso, não há porque desanimar diante das inevitáveis incompreensões e dificuldades.  Pois, como Paulo dizia, a partir da sua experiência prática de missionário “quando Deus está conosco, nada estará contra nós”(cf Rom 8,11).

A festa da Ascensão não celebra o afastamento de Jesus da sua comunidade, mas o contrário, a sua presença duma nova forma – na comunidade missonária dos discípulos.  Domingo próximo, celebraremos essa nova presença, na Festa de Pentecostes.
 

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