Domingo de Ramos - Mc 11, 1-11

“Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor!”
 
Quase não existe comunidade católica no Brasil que não comemore hoje, com muita alegria e entusiasmo, a entrada de Jesus em Jerusalém. Organizam-se procissões, o povo abana ramos, e pessoas que dificilmente pisam numa igreja num domingo comum, hoje fazem questão de não perder a celebração. Mas acredito que, para não reduzirmos a comemoração a mero folclore ou teatro, seja importante estudar mais de perto o que significava esta entrada em Jerusalém para Jesus, e para o evangelista.

Uma das coisas que dificultam o nosso entendimento da passagem - como de outros textos - é a nossa pouca familiaridade com o Antigo Testamento. Cumpre relembrar hoje um trecho do profeta Zacarias: “Dance de alegria, cidade de Sião; grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho duma jumenta... Anunciará a paz a todas as nações, e o seu domínio irá de mar a mar, do rio Eufrates até os confins da terra” (Zc 9, 9-10). Esse era um trecho muito importante na espiritualidade do grupo conhecido como os “Anawim”, ou “os pobres de Javé”, que esperavam ansiosamente a chegada do Messias libertador. Entre este grupo seguramente estavam Maria e José, e os discípulos de Jesus. Jesus foi educado dentro dessa espiritualidade. Zacarias traçava as características do verdadeiro messias - seria um rei, mas um rei “justo e pobre”; não um rei de guerra, mas de paz! Estabeleceria uma sociedade diferente da sociedade opressora do tempo de Zacarias (e de Jesus, e de nós) - onde poderosos e ricos oprimiam os pobres e pacíficos! Um rei jamais entraria numa cidade montado num jumento - o animal do pobre camponês, mas num cavalo branco de raça! Então Jesus, fazendo a sua entrada assim, faz uma releitura do profeta Zacarias, e se identifica com o rei pobre, da paz, da esperança dos pobres e oprimidos!

Por isso, muitas vezes perdemos totalmente o sentido da entrada de Jesus em Jerusalém. Celebramos o evento como se fosse a entrada de um Presidente ou Governador dos nossos tempos, - de pompa, imponência e demonstração de poder e força. Parece muito mais ligado à prepotência de um déspota ou imperialista do que à figura de Jesus! O contrário do que significava o que Jesus fez! Chamamos o evento da “entrada triunfal de Jesus em Jerusalém” - e realmente foi uma entrada triunfal, mas como triunfo de Deus, que se encarnou entre nós como o Servo Sofredor, o triunfo da vida, morte e ressurreição de Jesus! Nada mais longe do sentido original deste evento do que manifestações de poderio e pompa, mesmo - ou especialmente - quando feitas em nome da Igreja e do Evangelho de Jesus! O texto de hoje convida a todos nós a revermos as nossas atitudes. Seguimos Jesus - mas, será que é o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus rei dos pobres e humildes, o Jesus cumpridor da profecia de Zacarias? Ou inventamos um outro Jesus - poderoso nos moldes da nossa sociedade, com força, poder e prestígio, conforme o mundo entende estes termos? É valiosa a advertência contida num canto muito usado nas celebrações de hoje: “Eles queriam um grande rei, que fosse forte, dominador. E por isso não creram nele e mataram o salvador!”

Realmente, acreditamos no rei dos pobres e oprimidos, ou só fazemos um folclore bonito no Dia de Ramos, totalmente desvinculado da mensagem verídica e profunda do profeta Zacarias e do Evangelho de hoje? Acreditamos na força do direito (Jesus e o seu projeto de vida) ou no direito da força (George Bush, Osama-bin-Laden e os tantos aliados deles com o seu projeto de morte?)
 

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