Sexto domingo comum

Mc 1, 40-45

 “E de toda parte as pessoas iam procurá-lo”
 
            O primeiro capítulo de Marcos termina com um trecho que pode esclarecer o que significava para Jesus “ir adiante e pregar a Boa-Nova” (Mc 1, 38s). Marcos, diferente dos outros evangelistas, raramente nos conta o conteúdo da pregação de Jesus. Mas ele ilustra esse ensinamento, relatando ações de Jesus que demonstravam o sentido da chegada do Reino e da sua Boa Notícia.
            O texto de hoje descreve a cura de um leproso. Os leprosos estavam entre os mais marginalizados da época. Eram obrigados a viver fora da cidade ou aldeia, longe do convívio social, por motivos higiênicos e religiosos (Lv 13, 45-46). A única esperança do leproso de ser reintegrado na comunidade estava numa cura da parte de Jesus. Ele diz algo significativo: “Se queres, tu tens o poder de me curar”. Pois, em Marcos, Jesus nunca faz milagre para despertar a fé - pelo contrário só faz onde a fé já existe. O milagre em Marcos nunca causa a fé, mas é a fé que causa o milagre. Isso se torna importante: recordar no nosso mundo tão afoito em correr atrás de supostos milagres e milagreiros, e pouco adepto a aprofundar a fé em Jesus no seguimento d’Ele até a cruz. O Evangelho de Marcos tem pouco lugar para a religião “light”, tão em voga hoje em diversos segmentos das Igrejas cristãs, incluindo a Católica.
            A reação de Jesus é interessante: “Jesus ficou cheio de ira” - certamente não com o leproso, mas com o sistema social e religioso que marginalizava uma pessoa humana em nome de Deus. As leis de pureza, inventadas pelos homens e atribuídas a Deus, tinham o efeito de excluir muitas pessoas da convivência humana e religiosa. O Evangelho nos desafia para que tenhamos a coragem de examinar as nossas leis e práticas para verificar se nós também não criamos classes de excluídos e cristãos da segunda categoria, em nome de Deus!!
            Depois da cura do leproso, encontramos um elemento característico do Evangelho de Marcos - o chamado “segredo messiânico”. Jesus proíbe que ele conte para os outros a história da cura! Que esperança! O homem sentiu necessidade de espalhar a boa-notícia da sua cura. Essa proibição vai aparecer muitas vezes em Marcos - e no relato da confissão de Pedro na estrada de Cesaréia de Filipe vamos ver o motivo atrás dele. Pois Jesus não quer que o povo siga-O buscando prodígios e milagres, mas quer que todos se tornem os seus discípulos como o Servo de Javé, pegando a sua cruz na luta por um mundo melhor, pela concretização do Reino de Deus no meio de nós. Por isso é de desconfiar de pregações e celebrações religiosas que se limitam a experiências intimistas de Deus, sem um engajamento na transformação do mundo e das suas estruturas.
            Finalmente, o homem deve apresentar-se aos sacerdotes para que a sua cura seja autenticada, segundo as leis levíticas. Pois, para Jesus, não basta a cura individual - Ele quer que todas sejam integradas numa vivência comunitária sem marginalização por causa de gênero, classe social, raça, cor ou saúde! A fé em Jesus leva a um mundo totalmente diferente do mundo de exclusão que é a nossa atual sociedade neo-liberal e consumista! Diante dessa boa-nova de inclusão, o povo excluído corre atrás de Jesus, pois Ele manifesta a verdadeira face de Deus a eles - o Deus de bondade e perdão, cujo rosto tinha sido escondido pelas leis de puro e impuro do Templo e do sistema farisaico da época - “e de toda parte as pessoas iam procurá-lo”.

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