Quinto domingo comum

Mc 1, 29-39

“Foi para isso que eu vim”
 
            O nosso texto de hoje pode ser dividido em três partes: vv 29-31 - a cura da sogra de Pedro; vv 32-34: curas em Cafarnaum; vv 35-39. Jesus reforça a sua vocação e missão pela oração. O conjunto forma uma unidade que nos ensina coisas importantes para a nossa vida de cristãos.
            A cura da sogra de Pedro faz contraste com a cura no texto no trecho anterior (1, 23-28). Aquela cura se dava num lugar considerado “sagrado”, a sinagoga, enquanto a de hoje num lugar “profano” - a casa; aquela era de um homem, de hoje de uma mulher; a primeira num lugar público, a da sogra num lugar privado. Assim Marcos enfatiza que a missão libertadora de Jesus abrange tudo e todos, sem distinção de gênero, condição social, ou local. A sogra, quando curada, levanta-se e começa a servir os discípulos - ou seja, quem é libertado/a por Jesus não se satisfaz com isso, mas em resposta coloca-se a serviço da comunidade. O encontro com Jesus nunca é algo somente intimista, como querem tantos grupos e movimentos hoje, mas sempre leva à comunidade e à missão.
            A cura das multidões de doentes nos mostra a situação do povo no tempo de Jesus - muitos doentes de todos os tipos, por falta de recursos. Muito semelhante ao Brasil de hoje. Jesus expulsa os demônios - que significa, na linguagem daquela época, de tudo que oprimisse a pessoa humana, todas as manifestações do mal. Como o texto anterior, o atual também nos convida a descobrir quais as manifestações do mal que devem ser afugentadas da nossa sociedade de hoje - as que deixam tantas pessoas sem saúde, sem recursos, sem uma vida digna dos filhos/as de Deus. Nos convida a lutar, não através de exorcismos teatrais e chocantes, mas através de uma luta permanente e firme em favor dos que sofrem.
            A terceira parte do texto nos traz o segredo da missão de Jesus. Mesmo esgotado com o trabalho em favor do povo, ele se levanta de madrugada para ficar na intimidade com o Pai. Na solidão do sertão, em oração, ele reza a sua missão e se abastece com a força do Pai. Na solidão do mato, Jesus achou a força para poder fracassar, humanamente falando! A atitude de Pedro e dos companheiros é outra - “Todos estão te procurando”. Isso significa, “Você está fazendo sucesso em Cafarnaum - volte para lá, faça mais sucesso ainda”. A tentação permanente do poder e da fama - onde no fundo se busca mais a auto-realização e o prestígio, do que a vontade de Deus. Tentação muito atual para os tele-evangelizadores - e para todos nós. Mas Jesus não cai - a resposta d’Ele é contundente: “Vamos para outros lugares, pois foi para isso que eu vim”. Jesus não deixa que a fama e o prestígio o tirem do caminho do Servo de Javé - Ele anda pelas aldeias da Galiléia, no “fim da picada”, para levar a compaixão de Deus aos mais abandonados e sofridos, nos becos-sem-saída de Israel.
            Esse trecho demonstra a dinâmica interna da vida de Jesus, que deve ser a da cada vida cristã. Quanto mais ele trabalha na missão, mais ele sente a necessidade de rezar. Mas, quanto mais que reza, mais tem força para voltar à missão. Jesus não está a serviço d’Ele mesmo, nem de uma estrutura - mas do Pai e do povo, dois aspectos da mesma missão. O texto nos adverte contra duas tentações comuns na Igreja de hoje - a de só trabalhar, sem aprofundar a vida íntima com Deus e a de só “rezar” de uma maneira individualista e intimista, sem dedicação à missão. Jesus mostra que a missão leva à oração e a oração leva à missão - e não a qualquer missão, mas à da libertação do povo sofrido e oprimido.

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