Relatório da pastoral da criança do setor Oeste do RJ de 1987 a 2003

"O melhor lugar do mundo é onde Deus me quer". São José Freinademetz

Relatório da pastoral da criança do setor Oeste do RJ de 1987 a 2003

Em agosto de 1983, Irmã Irmingarde e eu, iniciamos um trabalho de comunidade no Batan, bairro de Realengo RJ.

Em setembro de 1986, eu e mais três pessoas da comunidade do Batan, a convite de Dora Zilda Arns Neumann, participamos de uma Capacitação da Pastoral da Criança, em São Paulo. Gostamos muito, era isso mesmo que queríamos para nossa Comunidade.

Em fevereiro de 1987 fizemos nossa primeira Capacitação, convidando algumas lideranças das Paróquias vizinhas para participarem. O assunto agradou a todas. Depois, a convite dessas paróquias, fomos capacitando outras lideranças. Em 1989, o Vigário Episcopal se entusiasmou e convidou duas pessoas de cada Paróquia para participar da Capacitação. Compareceram 30 pessoas. Erra um domingo e lá fomos nós, as equipes de capacitação e de confecção de comidas alternativas. Foi um dia maravilhoso. Dessa maneira, porém, o nosso trabalho aumentou, tivemos que ir cada vez mais longe para realizar Capacitações. Às vezes pegávamos duas conduções, gastando horas e horas de viagem. Quando a Capacitação era à noite, das 19 às 22 horas, chegávamos em casa às 23h ou 24h.. Só Deus nos protegeu nessa loucura!

Em 1995, quando surgiu a idéias de dividir os grandes setores em áreas, imediatamente o fizemos, separando nosso Setor em três Áreas, 1, 2 e 3, facilitando assim o trabalho desenvolvido. Em cada área foi escolhido uma coordenadora. Iniciamos também as reuniões mensais, dessa maneira melhorando o contato humano entre coordenadoras paroquiais e coordenadoras de áreas.

Todas as comunicações vindas da Coordenação Nacional são xerocadas e mandadas para os coordenadores das áreas, com o propósito de caminharmos junt@s, sem discriminação e sem julgarmos que uma área sabe melhor que a outra.

As nossas primeiras Capacitações eram, geralmente, de 15 horas de estudo dos documentos. Depois, na parte prática, chamada de "Trabalho em Campo," eram feitas as primeiras visitas às famílias, entrando nas favelas, subindo e descendo os morros, fazendo conhecer as atividades da Pastoral da Criança. Fazíamos o mapeamento do local onde trabalharíamos e cadastrávamos as gestantes e as crianças.
Em junho de 2000, as coisa mudaram, recebemos o NOVO GUIA DO LÍDER, com Capacitação de 40 horas. Foi uma verdadeira inovação. Capacitamos primeiro as coordenadoras paroquiais e uma vice.

Concentramos as Paróquias vizinhas e elas, em equipe, fizeram a Capacitação de todos as lideranças antigas e novas, mas sempre com a supervisão das equipes do Setor e das Áreas, procurando tirar a antiga idéia de que a Pastoral da Criança era uma Pastoral de pesagem e de multimistura. Mal estávamos terminando a Capacitação do Novo Guia quando, em julho de 2003 chegou outro material, intitulado REUNIÕES PAPA REFLEXÃO E AVALIAÇÃO. Fizemos também esse trabalho, mas desta vez, a Capacitação foi feita pela equipe do Setor e das Áreas. Aproximadamente 90% de nossas lideranças participaram dessa última Capacitação, da qual gostaram muito, porém para nós coordenadores, foi uma sobrecarga de trabalhos, uma verdadeira loucura.

Atualmente, trabalhamos em 41 paróquias e mais de 100 comunidades. O número de lideranças ativamente trabalhando soma a 450, cuidando de 8.000 gestantes e crianças ao todo.

0 nosso Setor tem início no Bairro de Anchieta e se estende até Sepetiba, onde há grande concentração de pobreza Há muitas terras, mas, nas mãos de poucos! Quando há invasão de terras, não sei como, aparecem pessoas de todas as partes Brasil. Para exemplificar, há poucos meses no Batam invadiram um morro que pertencia ao Exército. Subimos para visitar as famílias e, conversando com elas, disseram-nos que tinham vindo da Bahia, Maceió, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais etc., São casais novos, com duas ou três crianças pequenas e muitas adolescentes grávidas, morando em barracos cobertos de papelão ou de pedaços de plásticos.

Esses são os maiores problemas nas periferia das grande cidades, como Rio de Janeiro, que incha cada vez mais e faz crescer a pobreza.
Não posso dizer que o nosso trabalho vai à mil maravilhas. Já enfrentamos muitas dificuldades, algumas por parte das autoridades ligadas à Igreja e outras, pelas pessoas ligadas à própria Pastoral da Criança do Rio de Janeiro.

Enfrentamos ainda muitos perigos como a violência nas ruas, corremos dos tiroteios pedindo abrigo nas casas ou encontramos homens, fortemente armados, que nos fazem tremer de medo. Por causa da violência, várias vezes tivemos que mudar os dias das visitas ou a Celebração da Vida, esperando acalmar a situação, ou mesmo, deixando essas atividades para o mês seguinte.

A violência no bairro dura mais tempo quando se trata da disputa por local de venda de drogas ou invasão de territórios rivais
Quanto ao trabalho da Pastoral da Criança, não somos incomodadas pôr eles, porque somos reconhecidas pela camiseta com o símbolo da Pastoral da Criança como, "mulheres que cuidam de grávidas e de crianças".

Nossos maiores problemas são as gestantes que usam drogas ou adolescentes grávidas que não fazem o pré-natal. Quando procuram o médico, a criança já está morta porque tentaram abortá-la.

Há poucos meses o diretor de um hospital Estadual fez-nos um apelo: Ajudar no combate ao aborto entre adolescentes. No mês de setembro de 2003, foram feitas 90 abortos de mães adolescentes, com 12 a 16 anos, aproximadamente.

Enfim, nossa trajetória é uma luta constante, mas com muita fé em Deus e Oração enfrentamos todas as dificuldades."Para que todas as crianças tenham vida e tenham vida em abundância".

 

Irmã Misae Kodaira,SSpS - pertence a Província Brasil Norte
mar/2004

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