Projeto Horta Comunitária

 

 

  "O melhor lugar do mundo é onde Deus me quer".
   São José Freinademetz

  Ir. Irene: "... O que fazer com os meninos
  que estavam na rua..."

 

 




Projeto Horta Comunitária

Ir. Edni -Como surgiu a idéia da Horta Comunitária em Aparecida do Rio Negro?
Ir. Irene - Quando cheguei em Meira Matos, como então era conhecida Aparecida do Rio Negro, em1987, vi que Irmã Antonia tinha recebido terras, doadas a ela para proteger as águas da fonte que abastecia a comunidade. Eu queria começar a roça comunitária com as famílias, mas acabei me dirigindo aos jovens, por causa de uma reflexão com Antonia sobre o que fazer com os meninos que estavam na rua. Comecei em 1990, com 10 garotos, para sentir a experiência. Fomos corrigindo os erros e oficialmente iniciamos o projeto em 4 de março daquele mesmo ano, com 20 meninos.

Ir. Edni -Qual o perfil desses meninos?
Ir. Irene - Na época eram apenas meninos do sertão que iam para Meira Matos com o objetivo de estudar um pouco. Viviam com parentes ou amigos ou então, em casinhas construídas pelos pais. Ocorre que, pelas dificuldades encontradas, as crianças do sertão, quando o fazem, iniciam a escolaridade muito mais tarde, entre 10 e 12 anos mais ou menos.

Ir. Edni -Que situação enfrentavam esses jovens na cidade?
Ir. Irene - Para os meninos maiores só havia escola à noite. Então, eles ficavam pelas ruas, em situação de risco, desocupados e se desenraizando do meio rural. Depois de certo tempo, não queriam mais voltar para a roça. As meninas que vinham do sertão para estudar eram domésticas ou cuidavam dos irmãos. Eram muito mais persistentes no estudo. Para se ter uma idéia, quando cheguei em Aparecida do Rio Negro, entre alunas e alunos que concluíam os cursos, a proporção era de 25 mulheres para 4 homens. Além disso, as jovens eram valorizadas como catequistas, professoras etc, o que trouxe aos homens um sentimento de inferioridade muito grande, a ponto de se tornarem muito agressivos.

Ir. Edni - O que o Projeto Grupo da Horta está modificando, nesse sentido?
Ir. Irene - Através do projeto, estamos conseguindo transformar essa situação. Os jovens que participam do projeto se destacam, participam, assumem, se expressam, demonstram um senso social maior do que os que não participam, mantêm ocupados aprendendo e produzindo fora das salas de aula. Diminui muito a evasão escolar dos rapazes, tanto que a proporção no final dos cursos é quase equivalente entre jovens do sexo feminino e do sexo masculino. A participação masculina nas atividades da igreja também aumentou, os homens também são catequistas, animadores de cantos, comentaristas.

Ir. Edni - Você poderia nos contar um fato marcante nesse trabalho com os jovens do Projeto?
Ir. Irene - A cultura machista que impera muitas vezes pode levar a conseqüências desastrosas. Depois de uma briga entre dois rapazes, aquele que saiu perdedor apareceu no dia seguinte portando uma faca. Os colegas perceberam isso e o desarmaram. No sábado seguinte, durante a reunião de avaliação e planejamento o caso foi abordado. Por que o rapaz levou a faca? Por que se sentiu fraco. A conclusão que eles tiraram foi que aquele que anda com arma é fraco, o forte é o que sabe vencer os problemas sem o uso da violência. A região está também muito vulnerável às drogas. No município de aproximadamente 5.000 habitantes, os dados oficias são de que há mais de 100 são dependentes do uso de drogas. Os meninos do projeto, tanto quanto se pode notar, não se deixaram seduzir, são conscientes do problema e sabem se defender.

Ir. Edni - Qual o período de permanência no Projeto e quantos jovens o integram atualmente? 
Ir. Irene - No início os rapazes permaneciam no Projeto até a 8ª série. Os que chegavam a concluir o curso fundamental tinham a opção de freqüentar a Escola Agrícola da Fundação Bradesco, em Formoso do Tocantins. Hoje eles são em número de 60 e permanecem conosco durante todo o curso básico, isto é, até concluírem o 2º grau, que é um requisito para os que quiserem freqüentar a Escola Agrícola de Natividade (TO). Até o presente, mais de 15 garotos do Projeto se formaram como Técnicos Agrícola e atual na região, por exemplo, um é Técnico da Fundação Bradesco, outro se especializou em projetos de reflorestamento, outros ainda são gerentes de fazendas ou trabalham em jardinagem na Capital do Estado. Um deles, o Vanilto Pereira coordena o Projeto, na minha ausência.

Ir. Edni - Quais as preocupações quanto ao Projeto, atualmente?
Ir. Irene - Nosso objetivo era que, além de assumirem sua vida, os jovens, depois de formados, se comprometessem socialmente, no sentido de se dedicarem a uma causa social ou comunitária, o que até agora não percebemos. Outra preocupação, também ligada a essa, é de que eles assumam o projeto, e nisso, vejo dificuldades.

Ir. Edni - como o Grupo da Horta se sustenta?
Ir. Irene - Até hoje, com donativos provindos da comunidade local e de fora. Agora parece que o novo governo do Estado está interessado em colocar o Projeto como modelo para todo o Tocantins.

Irmã Irene Rother, SSpS - pertence a Província Brasil Norte
julho/2003

Projeto Grupo da Horta

Identificação do Projeto
Título: Associação das Obras Sociais e Educacionais da Paróquia de Aparecida do Rio Negro-TO
Orgão executor: Associação
Projeto desenvolvido: Grupo da Horta
Data de Fundação: 04/03/1991
CNPJ: 0051409/0001-37

Quem Somos?
Somos o Projeto Grupo da Horta da Associação Comunitária das Obras Sociais e Educacionais da Paróquia de Aparecida do Rio Negro, que assume uma ação humanizadora baseada nos valores evangélicos e procura criar meios para que as famílias possam gozar de uma vida melhor e com mais dignidade.

Objetivos
O Projeto Grupo da Horta, fundado em 4 de março de 1991, tem como objetivo a formação da criança, jovem e adolescente ao exercício de sua cidadania, dando-lhes oportunidades de aprender e aprimorar seus conhecimentos adquiridos no senso de organização, responsabilidade e disciplina. Visa o bom relacionamento e desempenho sócio-econômico, na educação de suas tarefas na vida familiar social e escolar, beneficiando as famílias e toda a comunidade, através de uma formação integral.

O que fazemos?
Atuamos em diversas áreas de produção voltada à terra, natureza e meio ambiente incentivando a "garotada" a ter mais amor pela Terra e seus frutos, resgatando valores adquiridos no sertão, com assistência à saúde, educação, cultura, economia, política e religião.

    * Piscicultura;
    * Horticultura;
    * Agricultura;
    * Bovinocultura;
    * Suinocultura;
    * Avicultura;
    * Celebrações;
    * Festas;
    * Lazer;
    * Ovinocultura.

O que aprendemos?
Aprendemos a viver em íntima relação com a natureza em sintonia com tudo que ela nos oferece.
Aprendemos a conviver em comunidade numa relação de respeito e diálogo com o outro.
Aprendemos lidar com as diversas situações da vida, sejam elas tranqüilas ou perigosas.
Enfim, aprendemos a cultivar os valores fundamentais da vida humana, na família, escola, igreja, trabalho e comunidade.
Aprendemos tudo isso através de:

    * Aula de Pintura;
    * Aula de Violão;
    * Catequese;
    * Computação;
    * Alimentação Saudável;
    * Artesanato; Convivência;
    * Contato com a Natureza;
    * Reforço Escolar;
    * Trabalho;
    * Formação Humana.

Nº de meninos (jovens e adolescentes) que freqüentam o projeto: 70

Se desejar colaborar com o Grupo Horta, deposite sua contribuição:
Bradesco: Ag. 2397-3 - Conta 024.151-2

Patrocínios:
Prefeitura Municipal de Ap. do Rio Negro
Susano Lino Marques

Convento Santíssima Trindade

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