Irmã Nadir na celebração de envio

Venho de Nhuguara, uma comunidade quilombola de Eldorado, interior de São Paulo.  Somos oito irmãos, 6 mulheres e 2 homens. Minha família sempre morou nesse bairro onde temos tudo, vivemos numa família extensa, somos muito ligados, formamos como que um clã. Partilhamos quase tudo: vamos pescar juntos, vamos brincar juntos... Lá estudei e lá vivi até meus 20 anos. É também de lá minha formação religiosa e cultural.

Foi aos 20 anos, tempo de definição, que conheci os padres da Sociedade Verbo Divino, SVD, os quais me deram o endereço da congregação das Missionárias Servas do Espírito Santo. A partir de então, fui me comunicando, participando de encontros vocacionais, até que, em 1988, entrei definitivamente nessa Congregação. Em 2001 emiti meus votos perpétuos.

Na congregação, após os primeiros votos, fui para Goiânia, onde tive uma experiência  muito boa. Curitiba III, na periferia da cidade, era uma área de ocupação e nós, Irmãs, iniciamos o processo o povo, em barracos de lona. Lá havia muita  abertura. As moradias sem muro acolhiam vizinhas, que tinham a liberdade de vir e conversar.  As pessoas demonstravam carinho para conosco, porque conseguíamos estar no processo de vida com elas. Chegavam e ficavam à vontade; estar juntos era o importante.

Na pastoral, dediquei-me às comunidades de base, às famílias, especialmente às mulheres; também ajudava na liturgia, na catequese e na saúde alternativa, através da qual conseguimos oferecendo vários cursos nessa área. Fui me identificando com aquele trabalho. Lá fiquei por três anos.
Depois disso fui para São Paulo, fiz parte da comunidade da COHAB, na periferia sul da cidade. Trabalhei numa creche, com as crianças e suas respectivas famílias e também, no núcleo de saúde alternativa.

Após meus votos perpétuos, em 2001, propus-me morar na casa de formação, onde permaneci por 7 anos; convívio, companheirismo, oração, partilha na casa, nas coisas práticas, que é o que sei fazer e onde me sinto bem. Como responsabilidade maior tive a coordenação dos trabalhos, de limpeza e mais tarde, na cozinha do Convento. Tive, então, oportunidade de conhecer bem as funcionárias da casa, a moradia, a vida, me entrosei e as apoiei, como religiosa e companheira procurei ouvi-las, entendê-las. 
Nesse tempo, frequentei por 2 anos um curso de massagem terapêutica; participei de dias de formação promovidos pela CRB – Conferências d@sReligios@s do Brasil e ainda integrei o grupo das religiosas negras, da CRB, que foi me fortalecendo e me proporcionando uma identificação cada vez maior com minha cultura. Criamos uma bela identidade como grupo.

No momento, me sinto muito tranqüila, por que fiz uma caminhada de busca. Há já uns 4 anos que venho refletindo e querendo conhecer mais o continente africano. Isso vem me dando uma confirmação em minha busca. Por que África?  Porque ir para a África, para mim, significa ir de encontro a esse povo que tenho muito presente pelas minhas raízes, pelo meu jeito de ser. Não consigo me identificar com outras culturas de outros países. É algo muito profundo que não tem explicação, tem sentimentos. Moçambique! 
Quando Irmã Ana Maria voltou de Moçambique conversamos muito. Soube que tem um, povo acolhedor, um processo mais tranqüilo, não por ser sossegado, mas pelo processo dele mesmo. Na comunidade estamos aprendendo o básico sobre aquele país e seu povo, e minha expectativa agora é o curso do CENFI, departamento do Centro Cultural Missionário de Brasília para aprender mais. 
Nossa Missão em Moçambique é composta por 11 núcleos – comunidades das Missionárias Servas do Espírito Santo, sendo que 3 dessas missionárias são brasileiras da Província Brasil-Sul. 

Minhas expectativas?  São tantas! No momento é de chagar naquele país e de estar com o povo, convivendo com as Irmãs que vão me acolher. Pelo meu jeito de ser, vamos fazer a caminhada em conjunto. A Coordenadora Regional me escreveu dizendo que me esperam e aconselha que eu vá com muita paciência. Parece que combina comigo, o estar presente faz parte de mim, o que me importa é estar presente, estar junto, sinto que vou me dar bem, porque isso parte de mim. O que me leva é estar junto, colaborar e se não consigo fazer fico olhando, sinto que vou me dar bem, por que esse processo faz parte de mim.
Vou por tempo indeterminado. Pedi para ir e não fixei tempo, o próprio passar do tempo vai me ajudando a definir o até quando.

Estou refletindo muito sobre meu pedido, sobre coisas que veem me inquietando. Quero mais, minha energia e minha saúde pedem mais. Aqui temos culturas diferentes também, o que me ajudou a crescer e a crescer conjuntamente. No processo de nossa província, não tive dificuldades com ninguém, consigo me aproximar de cada uma, também de responder se não quero, sinto que sou eu mesma, sou flexível, fui conquistando a amizade e o carinho de cada uma das irmãs. Minha expectativa aqui é que cada uma possa viver bem de acordo com sua capacidade. Quero voltar e encontrar todas contentes; espero notícias, gosto de dar notícias, na casa regional tem internet. Vou carregar cada uma no coração, como uma coisa muito boa, esse carinho, estar ligada, é uma coisa de minha família, sei onde cada uma/um está no dia a dia. Vamos ver como será?  

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