MULHERES NÃO SE DEIXAM ENGANAR

As mulheres sempre desempenharam papel central na preservação da natureza. Agora que a sobrevivência da humanidade está em risco se não houver uma forte guinada na produção e consumo predatório, nossa atuação se torna ainda mais contundente.

Num passado bem recente, o tema da necessária preservação do meio ambiente, era desconsiderado, quando não banalizado como “assunto de mulher”. Os desastres ambientais e a multidão de refugiados climáticos, tornaram evidentes os riscos a que estamos expostos. Hoje, 94% da população brasileira se revelou preocupada com o assunto.

Al Gore foi vice-presidente de Bill Clinton (1993-2001). Acionista de empresas altamente poluentes (petroleiras), após perder as eleições em favor de George Bush, no ano 2.000, lançou bombasticamente o documentário “Uma verdade inconveniente”. Queria preparar o cenário para os imensos lucros que as mudanças climáticas poderiam ensejar.

Nós, mulheres, não nos deixamos enganar. Sabíamos que, por trás dessa repentina paixão pelo meio ambiente, estavam, além dos prováveis lucros com o mercado de carbono, a tentativa de camuflar os graves efeitos dos agrotóxicos, dos vários componentes químicos nocivos introduzidos nos alimentos processados, os lucros da indústria farmacêutica e bélica. Finitas, as reservas de combustíveis fósseis, eram motivo para alimentar guerras localizadas, já que a Fria parecia ter sido definitivamente sepultada.

Fomos acusadas de ignorar as evidências científicas e atuar poeticamente com ações ingênuas. Não desconhecíamos os riscos das mudanças climáticas, mas estávamos expostas a muitos outros que não queríamos ver escamoteados, como a tomada de terras, sobretudo as que abrigam minérios raros, a privatização de fontes de energia e água, o patenteamento de espécies da nossa biodiversidade ... Denunciamos os chamados acordos de livre comércio que tratavam de facilitar o assalto às riquezas naturais pelos conglomerados empresariais transnacionais.

Desde então, aí estão a economia verde (o mercado de carbono), o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação)... enfim, as várias artimanhas inventadas pelos mesmos que invadiram, massacraram a população, assaltaram os países do hemisfério sul, , com isso de industrializaram, poluíram, se enriqueceram. Agora tentam se apossar do que resta.

Por trás estão o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial, a OMC (Organização Mundial do Comércio), as IFMs (Instituições Financeiras Internacionais) ... e os governos coniventes. São os que produziram a crise e, para salvar, seus dólares, libras e euros, estão abocanhando as riquezas naturais. 

Quando se tratou de preparar nossa ida ao Fórum de Ongs na IV Conferência Mundial das Mulheres (China, 1995), não tínhamos fundos, mas recusamos o oferecimento de recursos pela USAID porque ela havia contribuído para a consolidação da ditadura no Brasil. Agora também tentam nos comprar, mas nós, mulheres, não vamos nos deixar enganar. Repudiamos o capitalismo verde e seus poluentes; defendemos o direito dos povos aos Bens Comuns : água, terra, ar, alimentos, sementes, serviços públicos.

Iolanda Toshie Ide 

Convento Santíssima Trindade

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