Éramos 2.781 delegadas vindas de 2.160 conferências municipais, além das que ocorreram em todos os Estados e no Distrito Federal.
Após uma retumbante abertura, a manhã do dia 13 ofereceu-nos um rico painel sobre os desafios de um projeto de país sustentável e com igualdade. Entre as painelistas, Tânia Bacelar (professora da Universidade Federal de Pernambuco) lembrou a crise, iniciada em 2008, que pos a nu a discrepância entre os 680 trilhões de dólares de ativos financeiros e a realidade de 60 trilhões de dólares do PIB Mundial.
Diante desse quadro, o Brasil reagiu bem, disse Tânia. O Salário Mínimo cresceu 67%: de 200 dólares em 2002, passou para 510 em 2010. No mesmo intervalo, o desemprego caiu de 10,9% para 5,7% quando, na maioria dos países, o desemprego se acelerou. Com a criação de mais 15 milhões de postos de trabalho, o emprego formal saltou de 861 mil em 2003, para 2,5 milhões em 2010. O avanço das políticas sociais fez cair o índice de desigualdade (Gini) de 0,563 para 0,506.
O maior impacto ocorreu nas regiões Norte e Nordeste. Com o aumento da renda familiar e a política de crédito, disparou o consumo de lavadoras, geladeiras e DVDs, permitindo uma melhor qualidade de vida.
No entanto, o avanço da Educação foi lento; o sistema tributário seguiu sendo instrumento de desigualdade (pobres e assalariados pagam mais impostos); a terra continuou concentrada; a dívida pública acelerou a acumulação, transferindo mais renda aos mais ricos; ao contrário da China e Índia, pouco avançou a Ciência e Tecnologia; o comércio exterior ficou quase reduzido a exportação de produtos agrícolas e minérios.
É preciso, pois, um novo paradigma para o Brasil:
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novo conceito de desenvolvimento
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novos paradigmas tecnológicos (do eletromecânico para o eletroeletrônico)
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novo modelo de agricultura, contra a chamada “revolução verde”, fortalecimento da Agricultura Familiar
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novo padrão de consumo
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novo modelo energético
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geopolítica multipolar
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quebra da onda liberal
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priorização da Educação para chegar à sociedade do conhecimento.
Para as mulheres, muitos são os desafios: a permanência da violência contra as mulheres, a ínfima presença nos cargos de comando assim como nos políticos, salários 30% menores que dos homens quando exerce o mesmo trabalho.
No entanto, nas universidades há 500 mil mulheres a mais que homens; elas ocupam 55% das matrículas no ensino superior; constituem 60% das conclusões de cursos universitários. Somos principalmente nós, mulheres, que levaremos o Brasil rumo à Sociedade do Conhecimento.
Iolanda Toshie Ide