Neste ano Internacional das Florestas, e na semana do Meio Ambiente, deputados caminharam na contramão aprovando legislação que anistia desmatadores. Na perspectiva da aprovação do relatório de Aldo Rebelo, o desmatamento cresceu 450% e cinco militantes ambientalistas foram assassinados.
Pela diminuta divulgação, talvez tenha passado quase despercebido o lançamento, no último dia 07 de junho, do Comitê em Defesa das Florestas. Ocorreu na sede da OAB, em Brasília, com a presença de parlamentares e mais de uma centena de entidades e redes da sociedade civil, à frente a OAB, a Associação Brasileira de Imprensa e a CNBB cuja Campanha da Fraternidade deste ano versou sobre o tema.
Pesquisa recente, como também a anterior, revelam que cerca de 80% da população brasileira, compreendendo a importância do equilíbrio ambiental para nossa sobrevivência, condena o desmatamento.
Tanto o Código Florestal de 1934 quanto o de 1965, foram impulsionados pelo Ministério da Agricultura que percebeu o quanto o desmatamento prejudica atividade agrícola. O de 1965, foi elaborado nos fins da década de 50 e início de 60, já com vistas a prevenir, a longo prazo, possíveis danos que pudessem comprometer não só a lavoura, mas também a saúde da população em geral.
A bancada ruralista usou os pequenos produtores para justificar sua pretensões. A reação foi contundente. Graça Amorim, representante das/os trabalhadoras/es da Agricultura Familiar declarou: "Nós e os companheiros da Via Campesina levamos um susto quando ouvimos o deputado afirmar que ouviu a agricultura familiar. Não ouviu. Em nome da agricultura familiar é que aquilo não era."
Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da CNBB discursou conclamando: “Deveríamos, como sociedade brasileira pensar, ajudar o Congresso, ajudar os senadores a buscarmos um Código Florestal que nos permita realmente uma relação melhor com a natureza.”
Ex-ministra/os de Meio Ambiente também assinam a declaração do Comitê. Participaram também do ato atrizes (Letícia Sabatella e Christiane Torloni) e o ator Victor Fasano.
O exemplo da Ilha de Páscoa deve nos servir de alerta. Um paraíso com palmeiras gigantes e uma inestimável diversidade de aves marinhas, mais rico que a ilha de Galápagos, oferecia vida abundante a seus habitantes. Talvez pela facilidade da sobrevivência, não pensaram no futuro e puseram-se a construir estátuas de pedra, os “Moais”, cada vez maiores numa acirrada competição que os levou à ruína. Para transportar os imensos “Móais” devastaram as palmeiras, lançaram-se em guerras entre clãs e transformaram a ilha num deserto inabitável não só a eles mas a qualquer ser vivente.
Oportuno lembrar o ditado repetido na conferência ambiental da África do Sul: “Não legamos a Terra para filhos e netos. Nós é que emprestamos a Terra deles.”
Iolanda Toshie Ide