Desde 1973, Aracelli espera por socorro. A menina foi seqüestrada, estuprada e assassinada por jovens na capital do Espírito Santo. O jornalista José Louzeiro teceu um protesto veemente em seu livro Aracelli, meu amor.
Pouco se avançou. Somente 27 anos após foi instituído o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Passados 11 anos desta decisão, milhares de criança continuam a espera.
Um avanço foi o disque 100 implantado pelo governo federal. É um instrumento de denúncia que possibilitou a percepção da amplitude dos abusos. Em 2010, mais de 12 mil denúncias foram feitas pelo disque 100. Pelos dados iniciais de 2011, estima-se um crescimento de 30% de denúncias. A maioria das vítimas são meninas.
Nossa vivência em ações de solidariedade a Mulheres prostituídas, revelou que várias delas foram violentadas sexualmente na infância, por pais biológicos, tios, irmãos, avós, pais sociais, advogados, médicos, dentistas, vizinhos, amigos de familiares... Tomamos conhecimento também de que outras foram vítimas do crime organizado: grupos de homens, em geral de classe média e/ou alta, mantinham um esquema de exploração sexual e/ou comercial de meninas, geralmente provindas das camadas pobres.
Agenciadores garantiam o lenocínio impune porque contavam com proteção de autoridades, algumas delas clientes quando não integrantes do próprio esquema.
Foi importante a introdução de adendos ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que penalizam mais duramente os autores prevendo inclusive expedientes via internet. Faltam Centros de Referência para onde encaminhar as crianças. As milhares de Aracellis não podem esperar.
Os megaeventos previstos para o Brasil estão na mira da Marcha Mundial das Mulheres, cujas militantes estão atentas ao costumeiro incremento da exploração sexual. É preciso chegar antes, evitar que esquemas de lenocínio façam mais vítimas.
Iolanda Toshie Ide
.jpg)
.jpg){kind=logo}
