Raposa de plantão

     Como se não bastasse o desastre causado pelos que enriquecem às custas da ciranda financeira, quase sempre especulando com dinheiro alheio, aproveita-se a chamada crise financeira para lesar ainda mais as pessoas que nada têm a ver com a dita bolha imobiliária que estourou.

     Renúncia fiscal, empréstimos altamente vantajosos cujas devoluções são duvidosas, arrocho salarial, “flexibilizações” para lesar direitos trabalhistas duramente conquistados, ... são expedientes freqüentes. Agora, ameaçam com o desemprego e a redução de salários. A crise é o guardachuva que cobre todas as artimanhas para garantir mais lucros e, agora, compensar possíveis perdas provocadas pela pantagruélica fome de lucro dos que apostaram na especulação.
     Como sempre, perdem as pessoas comuns, assalariadas/os (e seus familiares) que sempre pagaram os impostos religiosamente, além de ter descontados, antecipadamente na folha de pagamento, o “imposto de renda” (renda?).
     A GM que não quis ouvir os apelos por menos emissão de CO2(carros campeões em beber combustíveis fósseis), que, no Brasil sempre lucrou com os preços altos, com generosas linhas de crédito (e financiamentos de até 90 prestações) e os salários bem inferiores aos da matriz para onde envia seus lucros, agora pretende que o estado abra-lhe as burras. No ano que findou, cresceu cerca de 15% em relação a 2007, mas, em nome da crise,  acaba de demitir 802 operários contratados por tempo determinado.
     Carlos Lupi, Ministro do Trabalho, reagiu anunciando que a concessão de subsídios estará condicionada a manutenção de empregos. Boris Casoy, Ricardo Noblat, Carlos Nascimento, ... Paulo Skaf, Luís Carlos Mendonça de Barros adiantaram-se para atacar o ministro e defender as raposas que se aproveitam da crise para amargar ainda mais a vida de trabalhadores/as e familiares.
     No Brasil, ademais, as montadoras tiveram seus lucros exorbitantes garantidos por redução de impostos, salários arrochados, empréstimos estatais “de pai para filho”. Apostaram na especulação, agora querem que os/as trabalhadores/as e os cofres públicos paguem a conta da matriz falida. Sempre concentraram aceleradamente os lucros, agora querem socializar os prejuízos.
     Não sem razão, mais de 12 mil metalúrgicos reuniram-se em manifestação contra demissões, perdas salariais e outros expedientes para lesar direitos dos assalariados. Em todo mundo, nesse curto espaço de tempo desde que se admitiu o “estouro da bolha imobiliária”, as 10 maiores montadoras, que apostaram na especulação, já demitiram 35 mil trabalhadores/as.
     Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, alerta para o risco do estouro de uma bolha advinda do farto crédito consignado iniciado em 2005. Durante o Seminário “Crise, Rumos e Verdades” realizado em Curitiba (07 a 11 de dezembro último), Thomas Palley fez dura crítica à globalização de matriz neoliberal por nunca ter produzido crescimento com igualdade e agora nem crescimento com desigualdade. Conclui, pois, que “o neoliberalismo é a causa da crise. Precisamos, portanto, de um novo paradigma.” É o que sempre nós participantes das várias edições do Fórum Social Mundial iniciado buscamos, desde 2001 em Porto Alegre e, neste ano, em sua 9ª edição em Belém.

Iolanda Toshie Ide   

Convento Santíssima Trindade

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