No coração da Amazônia

De 27 de janeiro a 1° de fevereiro realiza-se em Belém, porta de entrada da Amazônia, a 9ª edição do Fórum Social Mundial.

     Agora que as mazelas do sistema econômico hegemônico aparecem com maior nitidez com a atual crise financeira, é de se lembrar que já na 1ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) denunciavam-se as artimanhas pelas quais o capital busca a concentração da riqueza. Com a nova aceleração da globalização liberal, os lucros cresceram geometricamente às custas da desvalorização do/a trabalhador/a: arrocho salarial, demissões, metas desumanas, assédio moral,... As mulheres foram as mais prejudicadas. Ademais, com a crise, querem que se socializem os prejuízos.

     Sob o império do capital globalizado, os exorbitantes lucros fáceis ensejaram uma especulação sem fronteiras. Em 2001, quando se realizou a 1ª edição do FSM, as reflexões levaram a considerar os limites desse modelo e as contradições a ele inerentes: prenunciava-se, pois, a derrocada do sistema. Demorou: adiou-se, maquiou-se, camuflou-se, mas não foi possível esconder a crise até a eleição presidencial nos Estados Unidos.
     Não são auspciosos os prognósticos para este novo ano que se iniciou com tanto sangue inocente sendo derramado. No entanto, com a atual crise financeira, abrem-se, no FSM (que desde o início, em 2001, foi antineoliberal), muitas brechas para propostas concretas de um outro mundo menos injusto. Já não podem ser ignoradas as mazelas escamoteadas pela mídia aliada ao poder. É ao estado, até então tão demonizado por especuladores, sejam banqueiros ou empresários, que recorrem para salvá-los. O mote agora é o da salvação dos empregos. Não nos enganemos.
     Nesta 9ª edição do FSM essas artimanhas não só serão desmascaradas como serão afirmadas, ainda com maior credibilidade, a insustentabilidade de um modelo econômico que só aprofundou as desigualdades e agrediu o meio ambiente, além de se caracterizar por um belicismo exacerbado.
     Simultaneamente, Fóruns mundiais paralelos ocorrem também em Belém: O 1° Fórum Mundial de Mídia Livre (28 a 30 de janeiro); o 3° Fórum Social Mundial da Saúde (25 a 27 de janeiro); o 3° Fórum Mundial de Teologia da Libertação (21 a 25 de janeiro); o 5° Fórum Mundial de juízes; o 6° Fórum Parlamentar Mundial (28 a 30 de janeiro).
     Mais uma vez o mundo se volta para o Brasil na esperança de um Outro Mundo Possível. Personalidades como Walden Bello (Filipinas), Bernard Cassen (Bélgica), Noam Chomsky (Estados Unidos), Mário Soares (Portugal), Danielle Mitterand (França), Boaventura de Souza Santos (Portugal), Adolfo Perez Esquivel (Argentina), Naomi Klein (Estados Unidos), Vandana Shiwa (Índia), Ignace Ramonet (França),Sebastião Salgado, ... são presenças constantes.
     Com numerosa participação de dallits na edição do FSM na Índia em 2005, inaugurou-se uma fase de grande participação popular que não se repetiu em Porto alegre (2006), mas sim em 2007 em Nairóbi, na África. Na 1ª edição em 2001, participaram 20 africanos, agora em Belém inscreveram-se mais de 500 entidades africanas, informa Moema Valarelli do Ibase.
     Esta edição, pela primeira vez, não ocorre num país, mas numa ampla região: a Amazônia. Ameaçada pelos constantes desmatamentos e por hidrelétricas faraônicas, em tempos de aquecimento global, a sustentabilidade ambiental promete ser um dos temas centrais deste Fórum Pan-Amazônico. Com mais de um quarto do território ocupado por indígenas, espera-se a participação de mais de 3 mil representantes de 522 etnias indígenas. Promete ser um salto em direção ao fortalecimento de seus povos.   
     “A organização do FSM tem que mostrar ao mundo que a Amazônia é terreno de conflito de interesses, mas também de sociedades muito organizadas e ricas. Esperamos que a Amazônia fale para o mundo, não que o mundo venha falar para a Amazônia” (Fátima Melo da Fase).
Iolanda Toshie Ide

Convento Santíssima Trindade

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