Ao longo de todos estes séculos, a população americana assistiu ao extermínio dos povos indígenas. Estima-se que por volta de 1500 havia 80 milhões de habitantes indígenas falando 2 mil línguas diferentes. Desta população original, cerca de 70 milhões foram dizimados nos primeiros cem anos de colonização européia, a partir dos dados levantados pelo pesquisador Tzevetan Todorov. Caracterizou-se, desta forma, o maior genocídio da história onde foram utilizadas algumas táticas ainda comuns nos dias de hoje: epidemias, fome, deslocamentos, confinamentos, guerras e trabalhos forçados. O exemplo do México é emblemático: de 25 milhões de índios, a população caiu para 1 milhão e 250 mil pessoas. Dos 9 milhões de indígenas que habitavam o império Inca (Peru, Equador, Bolívia e Norte do Chile), 6 milhões e 400 mil foram dizimados num período de cem anos.
O extermínio dos povos indígenas revela uma violência de aspecto silencioso. Estigmatizados como selvagens, os índios são assassinados, explorados, enganados e perseguidos. É uma violência que esconde o preconceito de um país que não assume sua plurietnicidade e não aceita que as pessoas possam viver com costumes e culturas diferenciados dentro do mesmo país. O Estado Brasileiro resiste em pagar a dívida histórica com sua população originária, devolvendo seus territórios roubados. O argumento mais forte para reforçar esta discriminação é a afirmação de que no Brasil há "muita terra para pouco índio" chavão que omite as extremas desigualdades sociais no campo.
Informações Gerais
Atualmente tem-se conhecimento da existência de povos indígenas, com suas respectivas terras tradicionais, demarcadas ou não, vivendo em 24 unidades da federação, de um total de 27. Há também grande quantidade de indígenas morando em centros urbanos, além daqueles pertencentes a povos ainda sem contato com a sociedade nacional e outros que hoje reassumem suas identidades étnicas até então ocultadas. Estima-se, portanto, um total aproximado de 500 mil pessoas, pertencentes a 235 povos falando cerca de 180 línguas.
Nº de línguas
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Nº terras
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População
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180 |
235 |
756 |
População (n.º de indígenas)
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Habitantes em Terras Indígenas |
358.310
|
Pertencentes a Povos não contactados (isolados) |
900
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Vivendo nas cidades |
150.891
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Total
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510.101
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População Indígena no Brasil - Habitantes em Terras Indígenas Distribuição por Unidade da Federação
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Estados
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População
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1. Amazonas (AM) |
91.660
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2. Mato Grosso do Sul (MS) |
46.042
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3. Roraima (RR) |
29.709
|
4. Mato Grosso (MT) |
23.850
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5. Pernambuco (PE) |
19.138
|
6. Pará (PA) |
17.582
|
7. Maranhão (MA) |
16.352
|
8. Bahia (BA) |
15.290
|
9. Rio Grande do Sul (MS) |
14.029
|
10. Ceará (CE) |
11.589
|
11. Paraná (PR) |
9.394
|
12. Acre (AC) |
9.377
|
13. Alagoas (AL) |
9.233
|
14. Paraíba (PB) |
8.214
|
15. Tocantins (TO) |
7.740
|
16. Minas Gerais (MG) |
7.659
|
17. Santa Catarina (SC) |
6.100
|
18. Rondônia (RO) |
5.869
|
19. Amapá (AP) |
4.457
|
20. São Paulo (SP) |
2.209
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21. Espírito Santo (ES) |
1.644
|
22. Sergipe (SE) |
650
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23. Rio de Janeiro (RJ) |
341
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24. Goiás (GO) |
182
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Total
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358.310
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Expectativa de Vida Segundo estudo do Instituto de Medicina Tropical de Manaus (dados de 1995), a expectativa de vida dos índios é de apenas 42,6 anos, em média. Segundo a organização Mundial de Saúde, a expectativa de vida média do não índio brasileiro é de 67 anos. Há regiões em que os índios vivem apenas 24,5 anos. A resistência dos povos indígenas, entretanto, é surpreendente. Em 1985 eles eram apenas 220 mil pessoas e hoje passam de 300 mil para esperança dos que acreditam num mundo mais justo.
© *Fonte: Livro "Esta Terra Tinha Dono", 6ª ed., FTD, 2000 - ©Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ) - PNAD/1996