Terceiro Turno

No domingo passado fomos votar. Era nosso dever, que procuramos cumprir, de acordo com nossas convicções. Agora, somos convocados a votar de novo, no próximo dia 27 deste mês. Para Presidente da República, em todo o País. E para Governador, na maioria dos Estados.

Pode parecer incômodo, e até chato, sobretudo porque por poucos votos não deu para dirimir a questão, de uma vez, para ver quem vai ser o nosso presidente nos próximos quatro anos. Mas, é assim. A democracia começa a existir quando ela própria respeita os caminhos que são propostos para delegar responsabilidades. Já houve presidentes que ficaram eleitos com porcentagem bem menor, porque o consenso prévio estabelecia como vencedor o candidato que obtivesse mais votos. Agora, nossa lei eleitoral estabelece a necessidade de maioria absoluta para o cargo de presidente, de governador, e para os prefeitos de cidades com mais de duzentos mil eleitores. É por isto que, mesmo com um candidato que obteve mais do dobro de votos do seu imediato concorrente, ainda é preciso votar de novo. Vamos ter segundo turno. A decisão é colocada novamente em nossas mãos.

O estatuto do segundo turno, mesmo que em princípio não seja necessário, quando adotado se reveste de significado político que o justifica.

O primeiro aspecto a ponderar é a importância do eleito contar com o respaldo da maioria dos eleitores, que em segundo turno se constitui necessariamente. Este fato evidencia que o ato de votar estabelece um vínculo entre eleitores e eleito, que permanece além das eleições. Em conseqüência, o eleito não deve esquecer os que lhe delegaram responsabilidades, e os eleitores não devem abandonar aquele que incumbiram de atuar em seu nome. Se assim não acontece, a democracia fica frustrada, e suas finalidades não se realizam.

Um segundo turno tem também a vantagem de oferecer uma nova oportunidade de conhecer os candidatos, de avaliar suas capacidades, e de esclarecer suas propostas. Ao votarmos pela segunda vez, expressamos nossa adesão ao caminho apresentado. De novo, se aprofunda o compromisso entre eleitores e eleito.

Por outro lado, um segundo turno não deixa de ser um bom exercício de estudo mais aprofundado da realidade, para entender os problemas a partir de suas causas, em vista de buscar soluções que partam de suas raízes. Dada a complexidade dos problemas que envolvem a sociedade, um exame de segunda época não faz mal a ninguém. Sobretudo se ele leva a fortalecer o consenso em torno do esforço que é preciso empreender para a sua solução.

Mas, para o nosso caso, definitivamente, o segundo turno tem a incumbência pedagógica de nos convocar para outro turno, ainda mais importante. Há um terceiro turno, definitivo. Aquele que nos chama para uma ação permanente, lúcida e incansável.

A urgência do Brasil é tanta, que não basta termos um presidente, governadores em cada Estado e um monte de deputados e senadores. O País está precisando da ação contínua da cidadania de todos os brasileiros.

Votar com seriedade no segundo turno é escolher o candidato que mais nos parece apto a coordenar a participação de todos os cidadãos na solução dos enormes problemas que temos pela frente. O segundo turno nos conduz, inevitavelmente, para o terceiro.

D. Demétrio Valentini - Bispo da Diocese de Jales

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