Consulta aos Veteranos

Já anda solta Campanha da Fraternidade deste ano. Por toda parte, em todo o Brasil, começa um olhar diferente sobre as pessoas idosas. A luz projetada pelas mensagens da campanha ilumina seus rostos, que por sua vez refletem o brilho ao seu redor. De tal modo que a Campanha sobre as pessoas idosas acaba sendo uma Campanha para todos nós.

Vivemos um momento de crise mundial. Os desdobramentos da guerra nos deixam angustiados. Em situações de pavor, as crianças espontaneamente buscam segurança no olhar e no aconchego dos mais velhos. E’ então que a sabedoria dos idosos se torna mais preciosa.

Ainda lembro do velho italiano, veterano da primeira guerra mundial. Ele tinha vivido os horrores do confronto das baionetas. Pouco falava da guerra, pois ainda vivia traumatizado, e achava indecoroso contar lances das situações desumanas que a guerra o tinha forçado a viver. Simplesmente, para ele a guerra tinha sido horrível, e nunca mais deveria acontecer.

Mas, infelizmente, depois daquela aconteceram tantas outras. Agora, parece chique falar de guerra cirúrgica, que pode ser vista como espetáculo nos aposentos tranqüilos das mansões dos que a comandam de longe, e nem se dão conta dos horrores ainda mais cruéis que ela produz nos indefesos que sofrem as conseqüências das armas sofisticadas que caem sobre eles como castigo dos céus.

Todos estão atentos às decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A suspeita é que já não tenha mais nenhuma segurança, nem seja dotado de algum juízo para formular conselhos.

Talvez valesse mais, para dirimir a questão de ir ou não à guerra, em vez de reunir o Conselho de Segurança, convocar um conselho de veteranos das últimas guerras. Poderíamos conseguir alguns remanescentes da segunda guerra mundial. Outros da guerra da Coréia e do Vietnam. Alguns das guerras mais recentes em pleno território europeu, na Croácia, na Bósnia, em Saraievo. Deveriam ter assento neste conselho ampliado os representantes das vítimas das obscuras e numerosas guerras africanas das últimas décadas, em Angola, no Moçambique, na Ruanda, na miserável Etiópia, em Burundi, no Quênia, na Nigéria. Poderiam ser convidados alguns mutilados da Tchechênia, sem esquecer de chamar parentes dos cinco mil curdos que foram dizimados por armas biológicas no Iraque pelo crime de serem um povo que reivindica o direito de terem uma pátria livre.

Pois bem, nem seria preciso dar a palavra, nem pedir o voto a ninguém. Bastaria o silêncio de quem recorda as atrocidades, e o constrangimento de quem constata as mutilações, físicas ou psicológicas, que a guerra costuma deixar.

O olhar melancólico e triste dos membros deste conselho já seria suficiente para desautorizar qualquer nova guerra. Já bastam as que tivemos até agora.

E para os membros do Conselho Permanente da Onu, sobretudo para que os detêm o poder de veto, vale a cena do Evangelho, da mulher pecadora trazida para a condenação. Acusa-se o Iraque de não se desarmar por completo. O Cristo faria a mesma proposta: “quem de vós não têm armas, seja o primeiro a declarar a guerra!”. Se tivessem vergonha na cara, sairiam todos de fininho, e deixariam o mundo em paz. Só ficaria o Cristo, para recomendar a Sadam Hussein: “vê se deixa em liberdade os curdos, e não volta a expor o povo aos horrores da guerra!”

D. Demétrio Valentini - Bispo da Diocese de Jales

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