Caminhos da África

Nestes dias Lula andou pela África. Não há dúvida que as viagens do nosso Presidente têm um significado simbólico, além dos objetivos pragmáticos de estabelecer e ampliar relacionamentos econômicos que nos ajudem a superar a dependência que temos frente a alguns países do “primeiro mundo”. Na verdade, quando só contam os relacionamentos econômicos, resulta evidente o empobrecimento causado pela falta de circulação de outros valores, que poderiam oxigenar melhor a convivência humana, e torná-la mais saudável.

Quando, por exemplo, percebemos que nem existem linhas aéreas normais do Brasil em direção à África, salta aos olhos o afunilamento causado pelo predomínio absoluto do econômico nas relações entre os países. Quanta riqueza de vida poderia circular entre o Brasil e a África se fosse desencadeado um intercâmbio cultural que valorizasse tantas afinidades existentes entre o povo brasileiro e as tradições do continente africano.

Está faltando uma circulação melhor das energias vitais. Se olhamos nosso organismo, ficamos encantados com a ramificação multidirecional de nossas veias, pequenas e grandes, que fazem circular o sangue em todas as direções, possibilitando que a vida se torne presente nas diversas partes do corpo.

Precisamos aprender da própria natureza. A ecologia nos alerta que o nosso planeta é um organismo vivo. Nossa terra, a “gaia” dos gregos, é “mãe” geradora de vida. O clima, as correntes marítimas, os ventos, as montanhas e planícies, tudo na verdade tem sua função, para tornar esta terra um ambiente de vida, que vai circulando por todas as direções.

Só nossos relacionamentos humanos não obedecem a esta sábia diversidade. Afunilamos os caminhos, e além disto muitas vezes os tornamos itinerários de confrontos, em vez de estrada da comunicação solidária e amorosa.

Tempos atrás este confronto se definia em termos de “leste-oeste”. Dizem que agora o confronto passa a ser “norte-sul”. E alguns interpretam que a estratégia do Lula é articular o Sul, para poder se confrontar melhor com o Norte!

Em todo o caso, está na cara que algumas veias estão entupidas, e que seria urgente refazer a circulação das energias vitais que possibilitariam tornar bem mais saudável a vida humana neste mundo, tão marcado por desigualdades entre os continentes.

Até as notícias se tornaram mercadoria, que é padronizada e vendida no “mercado” que regula os relacionamentos econômicos. Para fazer esta constatação, basta passar alguns dias na Europa. Lá nosso continente sul-americano simplesmente inexiste nas manchetes dos jornais. Nós também, passamos meses sem ouvir sequer uma notícia dos países africanos, que são tão próximos à cultura brasileira.

Se os relacionamentos ficam só na dimensão econômica, se empobrecem. Pois entre muitos países, nem existem “mercadorias” a importar ou a exportar. Mas quanta riqueza de vida, por exemplo, existe no “modo africano de viver”, que teria mais valor do que o decantado “modo americano de viver”. E com certeza, teríamos muito que aprender da sabedoria chinesa, ou da sabedoria hindu, que possibilitam a existência de bilhões de pessoas em território menor que o brasileiro.

Para arejar melhor a casa é preciso abrir as portas e as janelas. Está na hora de escancarar mais os relacionamentos entre os povos, na busca da sabedoria da vida, para que a humanidade sintonize melhor com os anseios de vida do planeta em que habita.

D. Demétrio Valentini - Bispo da Diocese de Jales

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