Esperança Fortalecida

O ano termina com uma grande perda. Aquele que pensou o Brasil, que tentou entender o país na sua enormidade territorial e não menor pobreza de parcela significtiva de seu povo: Celso Furtado.
A perda de Raymundo Faoro no ano anterior e, nos anteriores, Florestan Fernandes, Herbert de Souza Betinho), Paulo Freire, Dom Helder Câmara, Aloysio Biondi, Milton Santos, dentre outros, empobreceu o Brasil e, parece, torna mais difícil concretizar a igualdade social.
Segundo a FAO, a cada 5 segundos uma criança morre de fome no mundo. O relatório da Unicef’2004 sobre o Brasil, mostra que 45% das crianças e adolescentes vivem abaixo da linha da pobreza. Há, no Brasil, 60,3 milhões com menos de 18 anos, destes, 27,13 milhões provêm de famílias em que cada integrante sobrevive diariamente com menos de 4,33 reais.
Já em 1932, Josué de Castro fizera um inquérito sobre as Condições de vida das classes operárias no Nordeste. A Geografia da Fome (publicada em 1946 e traduzida em mais de 25 idiomas) chamou a atenção para esse quadro que não se justificava – nem se justifica – diante dos recursos de que o Brasil dispõe. Milton Santos que o diga. Raymundo Faoro (Os donos do poder, 1958) e Marcio Pochmann (Os ricos do Brasil, 2004) expuseram exaustivamente os motivos.
A Pastoral da Criança, Criada em 1983, segundo sua idealizadora, Zilda Arns, atua em 3.757 municípios, em mais de 37 mil comunidades pobres, por meio de 242 mil voluntários, visitando 1,3 milhão de famílias por mês, contribuiu estrategicamente para diminuir a mortalidade infantil nos últimos 15 anos.
No entanto, são necessárias consistentes e abrangentes políticas públicas que façam frente a esse quadro.
Não é preciso recorrer ao exterior para explicar o Brasil. Tantos dos nossos já o fizeram com grande competência. Tantos outros não só se dedicam à explicação, mas à transformação.
Chorando a perda de tantos deles, pode-se olhar o futuro com a esperança fortalecida. Estão aí Sebastião Salgado, Egydio e Doroti Scwade, Maria Conceição Tavares, Aziz Nacib Ab´Saber, Carlos Lessa, Marina Silva, Fábio Konder Comparato, Nilcéia Freire, Dalmo Dallari, Tânia Bacelar, Marcio Pochmann, dentre tantos/as outros/as.
Não é pouco ter um operário presidente. Pela primeira vez no Brasil, houve de fato uma alternância de poder. Se a área econômica provoca preocupações, na área social, houve inovações para vencer a desigualdade. Nestes dois últimos meses, o presidente Lula já manteve 247 encontros com entidades e movimentos, marcando seu governo pelo diálogo com a sociedade. Ainda é pouco, pouco demais, mas acredito na pressão popular e na participação. Estaremos fazendo a nossa parte por meio da Quarta Semana Social Brasileira (Mutirão por um Novo Brasil), da Campanha Plebiscitária, Marcha para Brasília, enfim, da mobilização popular. Feliz 2005!

Iolanda Toshie Ide
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Lins;
Representante da Pastoral da Mulher Marginalizada no setor de Pastorais Sociais da CNBB;
Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Ação " Educação e questões de Gênero", da UNESP

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