Advento, Tempo de Espera

O Advento é tempo de espera, de atenção e vigilância, de preparação para o encontro com o Senhor. É um período muito rico e importante na nossa liturgia, que devemos aproveitar bem em vista de um verdadeiro encontro. Esperar alguém que está chegando requer preparação e abertura.

E, hoje, esperar a chegada do Senhor é sentir a sua presença generosa e gratuita em nosso meio. Neste tempo em que vivemos, o espírito do capitalismo que tem na eficiência e no lucro suas molas propulsoras, constitui a negação mais flagrante da contemplação e da gratuidade. Nele tudo tem seu preço. Nada se faz sem a perspectiva do lucro. Este espírito, tão presente nas relações econômicas, acaba envenenando toda a vasta gama das relações pessoais e sociais. Já quase não se consegue efetivar aproximações dialogais sem que um interesse sórdido se intrometa. A constância dessas relações interesseiras leva gradativamente as pessoas a sequer admitirem que existam relações de verdadeira gratuidade. E quantos, contrariando o espírito lucrativo, procuram estabelecer relações marcadas pela gratuidade, são invariavelmente consideradas ingênuas.

Na nossa realidade tão desumana e desigual devemos lutar pela humanização e da igualdade das pessoas, pelo desejo da felicidade plena, das relações fraternas, marcada pela gratuidade e sem espírito interesseiro. Somos chamados a anunciar profeticamente a chegada do nosso Salvador, como uma esperança em vista da superação do pessimismo e dos desencantos da vida, e apressar o seu Reino, través das ações concretas e efetivas, abrindo caminhos e nos entregando mais ao projeto de vida e de liberdade para todos. Deus renova nossa esperança e a certeza que sua fidelidade é eterna. Ele está no meio de nós e não abandona na solidão a humanidade.

O anúncio do nascimento de Jesus aconteceu, fora da solenidade do Templo, numa pequena cidade chamada Nazaré, tão insignificante que nunca aparece no Antigo Testamento, e tão menosprezada no Novo Testamento: "De Nazaré pode vir algo de bom?" (Jo1,46). Pois é da periferia, longe do centro religioso e político que se dá o anúncio do nascimento daquele que "será grande", o "Filho do Altíssimo", o Messias esperado nasce dos pobres e, através da prática da justiça, libertará o seu povo para a era de prosperidade e paz.

Os planos de Deus não segue as formulações ou especulações humanas. Deus envia seu mensageiro à periferia, a uma mulher desconhecida de uma cidadezinha desconhecida da periferia. Em Maria age a gratuidade de Deus, a graça divina. Ela foi escolhida não por suas qualidades morais, mas porque Deus, em sua bondade, quer presentear uma jovem desconhecida da periferia com o dom do seu Filho, o Messias que trará a libertação e a vida a todos os povos. O anúncio a Maria fala da gratuidade total de Deus, e a resposta de Maria fala da disponibilidade total de uma mulher que compreende algo fundamental: o plano da salvação só se realiza quando o ser humano se confia plenamente à vontade de Deus, não porque mereçamos ou possamos algo por nossas próprias forças, mas porque Deus mesmo pode tudo e age com plena gratuidade.

De fato, o anúncio do Messias não é feito aos sumos sacerdotes ou lideranças políticas de Jerusalém, mas se dá na periferia. O plano de Deus não passa pelo triunfalismo ou pelo poder, mas germina, ontem e hoje, na história dos pequenos, os insignificantes e excluídos, daqueles que como Maria, não têm nada a perder, mas tudo a ganhar pela graça de Deus (cf. Revista Vida Pastoral, ed. Paulus. Novembro-dezembro, 2005. Pp. 54-55)

Neste tempo, somos chamados, primeiro a acolher e depois, proclamar que o Senhor está chegando como libertador, sobretudo, aos empobrecidos e marginalizados. Jesus é o Salvador, porque traz a libertação definitiva; é o Messias que, através do Espírito de Deus, traz o Reino da justiça que leva à paz, é o Senhor, porque vence todos os obstáculos e produz uma sociedade e histórias novas, conforme o projeto de Deus, que quer a liberdade e a vida para todos. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, e vai nos ensinar o projeto de Deus para que sejamos todos livres e vivos, a fim de nos tornarmos o que Deus deseja.

E, por último, Deus veio no mundo como uma Criança, que não causa ameaça a ninguém. É simplesmente uma vida de inocência e ternura, que precisa de ajuda e acolhida. Cada vez que nasce uma criança é uma prova que Deus ainda acredita da humanidade e ela representa a fé de que é possível um mundo diferente, de inocência, de olhar sem malícia e de pura alegria de viver.

Que Deus abençoe a todos e a luz de Cristo, que brilhou no Natal e iluminou a humanidade e a criação inteira, através de nós, possa resplandecer também na vida das pessoas. Esse Deus que é fonte de toda alegria, possa alegrar-nos pela vinda de Jesus Cristo seu Filho e que renove a nossa vida com a força da sua Palavra e derrame sobre nós o seu Espírito a fim de perseverarmos na esperança e nos prepararmos para a festa da sua manifestação em nossa humanidade. Que ele abra hoje as portas do nosso coração para acolhermos a sua palavra de vida e liberdade. E, o seu Espírito nos faça vigilantes e fortes na fé, para que apresentemos com o nosso trabalho, o seu Reino que já se encontra presente em nosso mundo.

Adelio Villalba Martinez
e-mail: adevmz@globo.com

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