Trabalhadora sem reconhecimento

Minha mãe não trabalha, respondeu o menino perguntado sobre o trabalho da mãe. Sugeri-lhe que escrevesse, a cada hora do dia, o que fazia sua mãe. Não considera trabalho a longa lista de extenuantes “afazeres domésticos” por ela realizados.

Há quem afirme que a grande revolução do século XX foi a do feminismo. Também até quem imagine que as mulheres estão à frente dos homens. Há quem declare que o mundo vai mal porque as mulheres estão fora do lar. O ingresso de mulheres no mercado formal de trabalho foi uma conquista, sem dúvida, mas o ônus foi alto: as extenuantes duplas jornadas. Nas camadas pobres, as mulheres sempre fizeram trabalho além do doméstico.

Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (IBGE) referente a 2004, mostram que, na população economicamente ativa há 35,4 milhões de mulheres. Destas, 32,3 milhões fazem trabalho doméstico, em média 4 horas e 23 minutos por dia, em média 22 horas por semana.


Os rendimentos também são diferenciados. As mulheres têm, em média, uma remuneração mensal equivalente a 77,33%% da dos homens. Quanto maior a escolaridade, maior também é a diferença, ou seja, na população com 12 anos ou mais de escolaridade, as mulheres recebem 62% dos rendimentos recebidos pelos homens. O desemprego é também maior entre mulheres.


Com relação à ascensão na carreira, os dados confirmam a discriminação por gênero no mundo do trabalho. Os cargos de direção são ocupados por 5,5% dos homens e apenas 3,9% de mulheres, ou seja 1,379 milhão de mulheres. Nos municípios onde há maior concentração de empregos públicos, cresce o percentual de mulheres tanto na base quanto nos cargos de direção.

No parlamento o Brasil encontra-se em 107º lugar (187 países analisados), com apenas 8,6% de participação feminina enquanto a média mundial é 16%, muito aquém de Ruanda (48,8%).

Devido às desumanas metas, doenças do trabalho como LER/DORT atingem preferencialmente mulheres: digitadoras e trabalhadoras do setor de corte de aves, bovinos e suínos.

Ainda mais grave: 26,2% das mulheres não recebem nenhuma remuneração pelo trabalho (não doméstico)que desempenham. Além disso, seu trabalho é desvalorizado e banalizado. Acresça-se a esse quadro os constantes eventos de assédio sexual no trabalho que tantos prejuízos têm causado a milhões de mulheres, a despeito da nova legislação.

Há um longo caminho a percorrer até a conquista de necessárias e urgentes relações igualitárias entre os sexos no mundo do trabalho. O Dia Internacional da Mulher rememora mortes no ambiente de trabalho. Nossa luta continua, mas é preciso muitos esforços articulados. Estamos em movimento para mudar o mundo para que seja mais justo e, portanto mais agradável para mulheres e homens.

Iolanda Toshie Ide

Convento Santíssima Trindade

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