Solenidade da Epifania do Senhor (03.01.16) Mt 2, 1-12

“Viemos prestar-lhe homenagem” Mt 2, 1-12

Hoje celebramos uma das grandes festas do Ciclo de Natal - a Manifestação do Senhor (“Epifania” em grego), onde comemoramos o fato de que Jesus foi manifestado, não somente ao seu próprio povo, mas a todos os povos e nações, representados pelos Magos do Oriente. Embora a festa tenha muita popularidade folclórica, também proclama uma grande verdade da fé - que a salvação em Jesus é para todos os povos, sem distinção de raça, cor ou religião. Retomando a grande intuição do profeta Isaías, celebramos hoje a salvação universal em Jesus.

O texto de hoje é altamente simbólico - usa uma técnica da literatura judaica chamada “midraxe”, ou seja, uma releitura de passagens bíblicas, com o intuito de atualizá-las. Assim, Mateus quer ensinar algo sobre Jesus, usando figuras e símbolos tirados de diversos textos do Antigo Testamento. Por exemplo:

- Vêm os magos (nem três, nem reis!) buscando o Rei dos Judeus. Esses magos lembram os magos que enfrentavam e foram derrotados por Moisés (Êx 7, 11.22; 8, 3.14-15; 9,11) e acabaram reconhecendo o poder de Deus nas maravilhas feitas por Ele.

- A estrela é sinal da vinda do Messias, relendo a profecia de Balaão em Nm 24, 17.

- O menino nasce em Belém, conforme a profecia de Miquéias (Mq 5, 1)

- Os presentes lembram as profecias de Segundo e Terceiro-Isaías, e dos Salmos, sobre os estrangeiros que viriam a Jerusalém trazendo presentes para Deus (Is 49, 23; 60,5; Sl 72, 10-11).

- Herodes, como o Faraó, massacra os filhos do povo de Deus (Êx 1, 8.16).

O texto chama a atenção pelas reações diferentes diante do nascimento de Jesus. Os que deveriam reconhecer o Messias - pois são versados nas Escrituras - ficam alarmados, pois para eles, opressores do povo através da religião e da política, Jesus e a sua mensagem constituem uma ameaça. Outros, pagãos do oriente, buscando sem ter certeza, arriscam muito para descobrir o verdadeiro Deus, e entregam-lhe presentes, sinal da partilha, grande característica do Reino que Jesus veio pregar.

Hoje em dia verificam-se as mesmas reações diante de Jesus e do seu Evangelho. Muitos querem reduzir os eventos religiosos a algo folclórico com shows e cantos, mas que de forma alguma possa questionar a nossa sociedade e os seus valores. Para outros, o menino na estrebaria é um sinal do novo projeto de Deus, o mundo fraterno, onde todas as pessoas de boa vontade têm que se unir, seja qual for a sua raça, nação, gênero ou religião, para construir a fraternidade que Deus quer.

Jesus não precisa de presentes mas do nosso esforço na vivência do seu Reino. Na prática, temos que optar - para a vivência religiosa vazia como a de Herodes e dos Sumos Sacerdotes, ou pela mensagem libertadora do Menino de Belém, que convoca todas as pessoas de boa vontade, sem distinção de raça, cultura ou tradição religiosa, representados hoje pelos magos, para a construção do mundo de paz, fraternidade e justiça, pois Jesus veio para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente.” (Jo 10, 10) 

 A festa de hoje deve tirar-nos de qualquer comodismo, como se Deus só quis nos salvar.  A salvação é para todos – uma mensagem mais do que nunca importante no nosso mundo onde ferve sentimentos de xenofobia, ódio religioso e racial e divisão.  O Papa Francisco não cansa de insistir que a Igreja – nós, cristãos – tem que “sair” em encontro do mundo multi-cultural, pluralista de hoje.  A nossa preocupação não é primeiramente em “converter” pessoas de outras religiões, mas que sejamos como a “estrela” que leva quem nos encontrar a experimentar o amor universal e misericordioso de Deus, manifestado em Jesus, através da nossa vivência como discípulos-missionários do Senhor. 

Pe. Tomaz Hughes SVD

e-mail: thughes@netpar.com.br

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