QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA (02.05.10)

Jo 13, 31-33ª 34-35

Amem-se uns aos outros. 

Este texto situa-se no contexto do último discurso de Jesus, na Ceia Pascal. Começa logo após a saída de Judas para trair Jesus, depois que Jesus lhe disse “o que você pretende fazer, faça-o logo” (Jo 13, 27). Com a licença oficial dada ao agente de Satanás para iniciar o processo que iria matá-lo, Jesus começa o processo da sua glorificação. A sua fidelidade ao projeto do Pai vai levá-lo à Cruz, que, no Quarto Evangelho, não é um sinal de derrota, mas da vitória última e permanente de Deus. Por isso, a morte de Jesus, aparente vitória do mal, será a glorificação de Jesus, e n’Ele, do Pai.

 

O anúncio da sua partida, para os judeus uma ameaça (v. 33), é para a comunidade dos seus discípulos um momento de emoção e carinho. A sua última dádiva a eles é um novo mandamento: “eu dou a vocês um novo mandamento: amem-se uns aos outros. Assim como eu

amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros.” (v. 34).

 

O que há de novo neste mandamento? O que diferencia a proposta de amor de Jesus e dos seus seguidores de outras propostas já conhecidas? O mundo do tempo de Jesus, tanto na sociedade pagã como judaica, conhecia propostas de amor mútuo. O mandamento de Jesus é novo em primeiro lugar porque ele se impõe como exigência essencial para entrar na comunidade “escatalógica”. Essa é a comunidade que já experimenta a presença do Reino de Deus, mesmo que ainda espere a sua plena realização, ou seja, uma comunidade que experimenta a salvação já realizada em Jesus, enquanto ainda experimenta a sua situação permanente de fraqueza. Também é novo, porque não se fundamenta nas leis sobre o amor, da tradição judaica (p. ex. Lv 19, 18, ou os documentos do Qumrã), mas na entrega de si, de Jesus. O modelo deste amor é o exemplo do próprio Jesus “assim como eu vos amei!”. E como Ele nos amou? Entregando-se até a morte, para que todos pudessem “ter a vida e a vida plenamente” (Jo 10, 10). Este amor não é sinônimo de simpatia ou sentimento de atração. Exige humildade e a disposição para o serviço que leva a morrer pelos outros. Este “morrer” normalmente não se expressa através de uma morte física, mas morrendo diariamente ao egoísmo e à busca do poder dominador, para que sejamos servidores, especialmente dos mais humildes, ao exemplo do Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir”. (Mc 10, 45)

 

Este amor e tão fundamental para a comunidade dos discípulos de Jesus que deve se tornar o seu sinal característico: “assim todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (v. 35). Mais do que uma lista de doutrinas, mais do que práticas litúrgicas ou rituais, embora essas tenham o seu lugar, é o amor mútuo e concreto que deve distinguir os discípulos de Jesus. Os Atos dos Apóstolos nos lembram que “foi em Antioquia que os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de “cristãos” (At 11, 26). Receberam uma nova designação, da parte dos outros, porque a sua maneira de viver era marcadamente diferente das outras comunidades religiosas da cidade - era marcada pelo amor mútuo. O evangelho de hoje nos convida para que honestamente nos examinemos a nós mesmos, para verificar se este amor-serviço ainda é a marca característica de nós, discípulos/as de Jesus, na nossa vida individual e comunitária!

 

Tomaz Hughes SVD

e-mail: thughes@netpar.com.br

 

 

 

 

 

 

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