DÉCIMO SEXTO DOMINGO COMUM (19.07.15) Mc 6, 30-34

“Jesus teve compaixão”

Até uma leitura superficial do texto de hoje faz saltar aos olhos um tema muito central - o da “compaixão” de Jesus. Os evangelhos todos - e especialmente Lucas - enfatizam este aspecto da pessoa e missão de Jesus. Ele demonstrou a quem o encontrasse a verdadeira natureza de Deus: de ter compaixão para todos os que sofrem.

Os versículos de hoje demonstram este traço de Jesus no seu relacionamento com os discípulos e com as multidões.

Com os discípulos, Ele ressalta a necessidade de descanso depois das tarefas apostólicas. Quando voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças. Jesus tem critérios que não correspondem com o grande critério da nossa sociedade - o da eficácia! Para Ele, os apóstolos não eram máquinas, mas pessoas humanas que necessitavam de serem tratadas como tal. O trabalho - mesmo o trabalho missionário - não é o absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um equilíbrio entre todos os aspectos da vivência humana. Aqui há uma lição para muitos cristãos engajados hoje - embora devamos nos dedicar ao máximo pelo apostolado, não devemos descuidar das nossas vidas particulares, do cultivo de valores espirituais, da saúde e do relacionamento afetivo com os outros, especialmente no seio da família. Caso contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras máquinas ou funcionários do sagrado, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai.

Mais ainda, o texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo sofrido. Era tão procurado pelo povo, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. Quando Ele se retirava, o povo ia atrás d’ Ele. O que atraía tanta gente? Com certeza não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de irradiar compaixão, de demonstrar concretamente o amor compassivo de Deus. Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, literalmente, entrava no sofrimento deles e tinha uma empatia pelos sofredores, que se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva.

Este traço da personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros hoje, para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai.  Não é sem motivo que o Papa Francisco nunca cansa de enfatizar a misericórdia e a compaixão – pois a fidelidade ao Mestre exige isso. Infelizmente, a frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Em um mundo que exclui, que marginaliza e que só valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões, hoje, como dois mil anos atrás, semelhantes a “ovelhas sem pastor”.

Pe. Tomaz Hughes SVD

e-mail: thughes@netpar.com.br

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