FESTA DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO (22.11.09)

 

FESTA DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO (22.11.09)
 
Jo 18, 33b-37
 
“Todo aquele que é da verdade, escuta a minha voz”
 
Como é de costume na Igreja Católica, hoje, no último domingo do Ano Litúrgico, celebra-se a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A festa foi estabelecida na época dos governos totalitários nazistas, fascistas e comunistas, nos anos antes da Segunda Guerra, para enfatizar que o único poder absoluto é de Deus. Nos dias de hoje, em que milhões padecem as consequências de um novo tipo de totalitarismo disfarçado, o do poder econômico inescrupuloso, torna-se atual a inspiração original da festa - que Deus é o único Absoluto. Num mundo que não é ateu, mas idolátrico, pois presta culto ao lucro, a festa de hoje nos desafia para que revejamos as nossas atitudes e ações concretas - para descobrir o que é para nós, na verdade, o valor absoluto da nossa vida.
 
O texto é tirado da paixão segundo João - o diálogo entre Jesus e Pilatos sobre a verdadeira identidade de Jesus. Com a ironia que lhe é típica, João faz com que Pilatos - o representante do poder absoluto da época, o Império Romano - apresente Jesus como Rei, o que Ele é na verdade, mas, não da maneira que Pilatos possa entender. O Reino de Jesus é o oposto do Reino do Império Romano - não é opressor, nem injusto, nem idolátrico, mas o Reino da justiça, fraternidade, solidariedade e partilha, o Reino do Deus da Vida.
 
É exatamente por ter semeado este Reino que Jesus deve morrer – aliás, não morrer, mas ser matado, o que é diferente. Pilatos - como também acontece nos outros Evangelhos - demonstra isso quando ele deixa claro quem entregou Jesus, pedindo a sua morte. Não foi o povo, mas os sumos sacerdotes que o entregaram (v. 35). É importante entender o que isso significa, pois, se Jesus foi matado, houve algum motivo, e houve alguém que o matasse. Os sumos sacerdotes eram, no tempo de Jesus, todos nomeados pelos romanos, dentro do partido dos saduceus, o partido da elite jerusalemita, donos de terras e do comércio, e chefes do Templo. E o Templo funcionava como Banco Central, centro de arrecadação de impostos, e lugar de câmbio monetário, uma vez que não se aceitava nele a moeda corrente. Jesus, portanto, foi assassinado pelo poder político, econômico e religioso, coniventes com o poder imperialista, representado por Pilatos. Pois, o Reino de Deus se opõe frontalmente com qualquer reino opressor, como era o de Roma.
 
            A realidade vivida por Jesus continua hoje. O seguimento de Jesus, na construção de um Reino de justiça e paz, do shalom de Deus, necessariamente vai entrar em conflito com os reinos que dependem da exploração e da injustiça. Normalmente, esses poderes primeiro vão tentar cooptar a Igreja, para que, em lugar de ser voz profética diante das injustiças, torne-se porta-voz dos valores desses reinos. Não faltarão incentivos, monetários e outros, para que as Igrejas caiam nesta cilada. Por isso, como nos advertiram os textos nos últimos domingos, é mister ficarmos sempre vigilantes, para que verifiquemos se a nossa vida prática está mais de acordo com o Reino de Deus ou o reino de Pilatos.
Para João, Jesus traz a grande crise da história. Diante da verdade, que é Ele, todos têm que se posicionar. Ele, como todo profeta, não causa a divisão; mas, desmascara a divisão que existe dentro da sociedade, a divisão entre o bem e o mal, entre um projeto da morte e um projeto de vida, uma divisão que permeia todos os elementos da sociedade. Diante d’Ele, não há lugar para meio-termo - todos têm que optar. Por isso, a nossa festa de hoje, longe de ser algo triunfalista, nos desafia para que façamos um exame de consciência - tanto individual como eclesial e comunitário - para verificar se o nosso Rei é realmente Jesus, ou se, mesmo de uma maneira disfarçada, continua sendo Pilatos!

 

Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

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