FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR (17.05.15) Mc 16, 15-20

FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR (17.05.15) Mc 16, 15-20

“Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa-Notícia para toda a humanidade”

O texto de Mc 9-20, que contém o fim do Evangelho de Marcos, interrompe o fio da narração precedente, é muito diferente em estilo e vocabulário do resto do Evangelho e está ausente dos melhores e mais antigos manuscritos. Por isso, normalmente está designado nas nossas bíblias como “Apêndice”,  provavelmente escrito no segundo século, e baseado basicamente no Capítulo 24 de Lucas, com alguma adição de João 20 e com referências de fatos narrados em Atos. Embora não acrescente nada de novo para uma melhor compreensão de Jesus e dos acontecimentos pós-pascais, traz elementos muito importantes para a vida da Igreja hoje.

Destaca-se muito o mandamento missionário de Jesus - o de levar a Boa-Nova para toda a humanidade (cf Mt 28, 18-20). A Igreja é por sua natureza missionária, e uma Igreja que descuidasse desse mandato estaria traindo a sua identidade. Porém, faz-se necessário distinguir entre “missão” e “proselitismo”. Igrejas proselitistas têm como meta angariar fiéis de outras Igrejas para a delas. Giram ao redor de si mesmas, identificando a sua Igreja institucional com o Reino de Deus. Uma Igreja missionária tem como objetivo levar a Boa-Nova do Reino para todas as culturas e religiões, respeitando-as, sendo testemunha dos valores do Reino de Deus e ajudando a pessoas de boa vontade a descobrirem a presença do Reino - e do anti-Reino - nas suas próprias culturas e tradições religiosas. Um aprofundamento desse mandato nos fará lembrar que nós não somos donos da missão - a missão é do próprio Deus que envio o Verbo Divino como seu missionário. Por sua vez, Ele deixou uma comunidade de discípulos/as para continuar a sua missão da implantação do Reino de Deus, e nós somos herdeiros dessa missão. Por este motivo existem diversos carismas, ou dons do Espírito Santo, para o bem de todos. Ninguém está dispensado dessa tarefa missionária, fechando-se na sua própria comunidade, movimento, ou Igreja - pelo contrário, devemos nos sentir unidos aos irmãos e irmãs do mundo todo e comprometidos com a construção da sociedade justa e solidária que será uma concretização da Boa-Nova do Reino de Deus. O objetivo da missão ao longo prazo é de reunir a humanidade inteira no Reino de Deus (que ultrapassa as fronteiras da Igreja visível). Fazemo-lo através da proclamação explícita da Boa Nova, e no estabelecimento de um diálogo respeitoso com membros de outras tradições religiosas, e de nenhuma, convidando homens e mulheres a pertencer a uma comunidade de testemunho e serviço e levando a cada ser humano a missão divina de uma salvação integral.

O texto explicita alguns elementos importantes nessa atividade missionária: “expulsão de demônios”: expulsando da convivência humana os sinais do mal, do anti-Reino, que escraviza e oprime milhões de pessoas, através de estruturas econômicas, sociais e até religiosas, de exclusão; “falando línguas”: como em Pentecostes, criando uma nova língua do diálogo e respeito, a linguagem do amor, justiça e solidariedade; “vencendo veneno”- superando tanto veneno semeado durante milênios na convivência humana, expressado através do racismo, machismo, clericalismo, e todos os “ismos” que excluem e nos dividem; “curando doentes”: lutando na prática para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente” (cf. Jo 10, 10), como fez Jesus, não somente fazendo curas individuais, mas, restaurando a saúde integral, das pessoas e da criação, através da vivência comunitária e individual do projeto de Jesus. Seria trágico se esses elementos ficassem reduzidos à busca de “milagres” duvidosos, à falação de supostas “línguas dos anjos”, e à satanização de tanta coisa, confundindo expressões de desequilíbrio emocional com a presença diabólica, o que parece ocofrrer com uma certa frequência em alguns movimentos e Igrejas.

Durante séculos muitas vezes os cristãos  têm se acomodado com a vivência de uma religião individualista, acomodada e frequentemente alienada dos problemas do mundo. Vivíamos uma separação artificial entre o mundo e o espiritual, entre a prática religiosa e a transformação social. O mandato de semearmos a Boa Nova do Reino nos ajuda para que sejamos mais fiéis a Jesus - não somente à sua pessoa, mas também à sua prática e mensagem, levando a Boa Notícia do Reino a toda a humanidade, em palavra e ação, inspirados no seguimento de Jesus, o Missionário do Pai. 

Pe. Tomaz Hughes SVD

e-mail: thughes@netpar.com.br

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