ACESSO À ÁGUA POTÁVEL 4

ACESSO À ÁGUA POTÁVEL 4

Fala-se em biocombustíveis, como se fossem ecológicos. O termo mais adequado é, pois, agrocombustíveis. Ademais, para produzir etanol de cana de açúcar, o agronegócio degrada o solo, concentra a terra; com o uso de agrotóxicos, põe em risco a biodiversidade, contamina o solo, o ar, a água, comprometendo gravemente a saúde da  população. É importante afirmar que não é possível garantir o uso de agrotóxicos sem contaminação: o uso seguro é uma falácia.

A petroleira Texaco/Chevron despejou 680 mil barris de óleo no solo e nos mananciais da Amazônia equatoriana. A terra se tornou infértil, o ar irrespirável, peixes e animais de médio e grande porte morreram. Quatro povos indígenas foram desalojados.

Além de consumir grandes quantidades de água potável, indústrias têm descartado rejeitos sem adequado tratamento, contaminando mananciais que abastecem cidades. Não são raras as ocorrências de anencefalia. Crustáceos do litoral paulista estão contaminados, inclusive por metais pesados, e exibem alterações orgânicas, informa Marcelo Pinheiro, professor da UNESP, desde 1998 pesquisando caranguejos-uçá.

Não só o uso de agrotóxicos é inseguro, mas também a maioria dos componentes químicos usados na mineração, na prospecção de combustíveis fósseis e nas indústrias. Agricultora indígena, Máxima Acuña de Chaupe tem sido perseguida por defender seu território (Peru) contra a invasão da mineradora Yanacocha, maior exploradora de ouro da América dos Sul. Já destruiu sua casa por três vezes, matou seus cães e ovelhas e ameaça seus quatro filhos, com participação da polícia. A contaminação por usinas atômicas é outro capítulo que merece artigo específico, assim como o desmatamento.

Vive-se o antropoceno com grande irresponsabilidade. A procuradora Sandra Kishi  informou que há dez anos já se sabia da estiagem mas o governador paulista não informou a população, nem tomou providência. O jornalista Ulisses Capozzoli declarou que a imprensa tem sido seletiva falando sobre estiagem sem tratar da responsabilidade política.

Grande parcela de 70% da água doce é usada na irrigação do agro-hidronegócio desviando e represando rios (tantas vezes com recursos públicos) em detrimento das populações locais; a maior parte dos outros 20%  são usados pelas grandes indústrias, a preço subsidiado. Quase 40% da água tratada é desperdiçada pelas próprias empresas de água e saneamento, tantas vezes permitindo vazamento de esgoto contaminando mananciais e também águas subterrâneas. Grande parte da água potável é consumida nos condomínios fechados, nos edifícios e clubes de luxo. Por ocasião das estiagens, é à população empobrecida que se pede que se economize o precioso líquido.

Historicamente, as mulheres têm protegido as nascentes de água e resistido aos desmatamentos. Não sou a favor do desperdício mesmo quando há água em abundância. Em períodos de maior escassez, não é a quem sempre protegeu a água e menos desperdiça que se deve solicitar maior sacrifício, muito menos às mulheres, mas são elas que tem sofrido as  maiores consequências. No país que abriga a maior quantidade de água doce, a população corre o risco de não ter acesso à água potável.

Iolanda Toshie Ide

Convento Santíssima Trindade

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