FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR (04.01.15) Mt 2, 1-12

FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR (04.01.15) Mt 2, 1-12

“Ajoelharam-se diante dele, e lhe prestaram homenagem”

Hoje no Brasil celebramos uma das grandes festas do Ciclo de Natal - a Manifestação do Senhor (“Epifania” em grego, cuja data tradicionalmente era 6 de janeiro), onde comemoramos o fato de que Jesus foi manifestado não somente ao seu próprio povo, mas a todos, representados pelos Magos do Oriente. Embora a festa tenha muita popularidade folclórica, ela celebra uma grande verdade da fé - que a salvação em Jesus é para todos os povos, sem distinção de raça, cor ou tradição religiosa. Retomando a grande intuição do profeta Isaías, celebramos hoje a salvação universal em Jesus.

 O texto de hoje é altamente simbólico - usa uma técnica da literatura judaica chamada “midrash”, ou seja, uma releitura de passagens bíblicas, com o intuito de atualizá-las. Assim, Mateus quer ensinar algo sobre Jesus, usando figuras e símbolos tirados de diversos textos do Antigo Testamento. Por exemplo:

  • Vêm os magos (nem três, nem reis no texto bíblico!) buscando o Rei dos Judeus. Esses magos lembram os magos que enfrentavam e foram derrotados por Moisés (Ex 7, 11.22; 8, 3.14-15; 9, 11) e acabaram reconhecendo o poder de Deus nas maravilhas feitas por Ele.  Os magos no relato antigo contestaram Moisés, mas no relato mateano vem adorar Jesus, pois, para Mateus, Jesus é o Novo Moisés e maior do que Moisés
  • A estrela é sinal da vinda do Messias, prevista na profecia de Balaão (a “Estrela de Jacó” de Nm 24, 17)
  • O menino nasce em Belém, segundo a profecia de Miquéias (Mq 5, 1)
  • Os presentes lembram as profecias de Segundo-Isaías e os Salmos sobre os estrangeiros que viriam a Jerusalém trazendo presentes para Deus (Is 49, 23; 60, 5; Sl 72, 10-11).
  • Herodes é o novo Faraó, que também massacra os filhos do povo de Deus (Êx 1, 8.16).

O texto chama a atenção pelas reações diferentes diante do acontecido. Os que deveriam reconhecer o Messias - pois são versados nas Escrituras - ficam alarmados, pois para eles, opressores do povo através da religião e da política, Jesus e a sua mensagem constituem uma ameaça. Outros, pagãos do oriente, buscando sem ter certeza, arriscam muito para descobrir o verdadeiro Deus, e entregam-lhe presentes, sinais da partilha que será característica do Reino que Jesus veio pregar.

Hoje em dia, verificam-se as mesmas reações diante de Jesus e do seu Evangelho. Muitos querem reduzir os eventos religiosos a algo folclórico com shows e cantos, como se vê claramente nas festas natalinas, quando até bancos, que desfrutam de lucros astronômicos e imorais, esteios que são do sistema neo-liberal que cria pobreza em toda parte, promovem apresentações sentimentais de Natal, usando os mesmos pobres que eles ajudam a criar! De forma alguma esse tipo de celebração questiona a nossa sociedade e os seus valores. Para outros, o menino na estrebaria é um sinal do novo projeto de Deus, o mundo fraterno, onde todas as pessoas de boa vontade devem se unir, seja qual for a sua raça, nação, gênero ou religião, para construir a fraternidade que Deus quer.

Jesus não precisa de presentes, mas sim do nosso esforço na vivência do Reino de Deus. Não caiamos em celebração vazia das histórias do Ciclo Natalino, reduzindo o seu sentido a algo somente sentimental e folclórico. Na prática temos que optar, ou para uma vivência religiosa vazia como a de Herodes e dos Sumos Sacerdotes, ou pela mensagem libertadora e salvadora do Menino de Belém, que convoca a todos, representados pelos magos, para a construção de um mundo de paz, fraternidade e justiça, pois Jesus veio para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente” (Jo 10, 10).

 

 

FESTA DO BATISMO DO SENHOR (11.01.15)

“Tu és o meu Filho bem-amado; em ti encontro o meu agrado” (Mc 1, 7-11)

Nesse Domingo, que comemora o batismo de Jesus, mais uma vez encontramos a figura do Precursor, João Batista, que foi uma das principais personagens das liturgias do Advento.  Mas, na leitura de hoje, a ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João, mas de quem viria depois dele: literalmente “atrás de mim”.  A expressão, que denota a dignidade, como em um cortejo, põe toda a importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo.  Jesus é o mais importante, pois com a vinda dele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas e grupos (como os Essênios) somente para o fim dos tempos.

Nesse texto de Marcos, o interesse volta-se menos para o batismo de Jesus como tal, e mais para a revelação divina que se lhe seguiu.  Sendo batizado por João, Jesus coloca-se dentro da humanidade caída, e publicamente assume o compromisso com a vontade do Pai.  A frase “viu os céus rasgarem-se e o Espírito como uma pomba descer sobre si” enfatiza que Deus intervém para realizar as suas promessas (cf. Is 63,19) através do envio do Espírito Santo.  Descendo sobre Jesus, o Espírito o designa como sendo o Salvador prometido e esperado.  A voz do Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.

            Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai.  Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus – cada um(a) de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (cf. I Jo 3,1), a quem aprouve escolher-nos.  Nada pode nos separar desse amor divino – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm 8,39). O que é importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. I Jo 4, 10-11).  Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as conseqüências – uma vida de fidelidade, que o levaria até a Cruz e a Ressurreição! (cf. Fl. 2,6-11)  Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz.  O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que “já está no meio de nós” (cf. Mc 1,14).

Pe. Tomaz Hughes SVD

e-mail: thughes@netpar.com.br

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